O metrô de Brasília, que atende cerca de 160 mil pessoas diariamente, está funcionando desde o dia 14 de junho com a capacidade reduzida — rodando apenas em horário de pico. A principal reivindicação da categoria é a contratação dos aprovados no concurso de 2014. O governo, porém, alega que não pode nomear os profissionais porque atingiu o limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo o Metrô-DF, sequer há previsão de nova negociação, já que a categoria não aceitou nenhuma das propostas apresentadas pelo Executivo.
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Os metroviários exigem ainda o cumprimento do acordo coletivo, firmado em abril deste ano, que prevê o reajuste salarial para a categoria com a reposição da inflação — 8,4%. Os trabalhadores justificam que o governo poderia atender as reivindicações da categoria se estancasse o “excesso de comissionados”. Vale ressaltar que o Metrô não arca totalmente com suas despesas. O subsídio anual pago pelo governo para manutenção do sistema chega a R$ 280 milhões.
De acordo com o sindicato da categoria, há déficit de cerca de 800 funcionários enquanto 900 aprovados em concurso aguardam convocação. O quadro atualmente tem 1,2 mil servidores e os salários vão de R$ 2,9 mil a R$ 6 mil.
Ônibus
No caso dos rodoviários, as batalhas trabalhistas atingem não só o governo, mas também empresas privadas — que detêm concessões públicas para atuar no transporte local. No último domingo (3), empresários e o Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal entraram em acordo e cancelaram a greve marcada para o dia seguinte (segunda, 4). Ficou acertado um reajuste de 10% no salário e de 11% no tíquete-alimentação, na cesta básica e no plano de saúde, além de 30% no plano odontológico.
Publicidade Na prática, porém, a população ainda não conta com toda a frota de ônibus nas ruas. A TCB, empresa pública de transporte, decretou greve na mesma segunda-feira e deixou os 18 mil passageiros que carrega diariamente em dúvida sobre a paralisação, ou não dos rodoviários. A TCB opera 34 ônibus em 12 linhas e faz trajetos como: Esplanada dos Ministérios, linhas rurais, em Planaltina e no Paranoá, e a linha executiva do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.O caso dos funcionários da TCB será decidido pela Justiça, mas o serviço já foi restabelecido desde sexta-feira (8). A justificativa do governo para não conceder os benefícios reivindicados pela categoria também é o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Os servidores pedem 30% de reajuste salarial e outros 54% no tíquete alimentação.
Em nota, a empresa afirmou que “o acordo foi realizado na quinta-feira (7), durante a audiência de conciliação entre a empresa e o sindicato da categoria, realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT 10). As partes concordaram com o ajuizamento do dissídio coletivo de natureza econômica, de modo que a Justiça do Trabalho possa decidir o conflito”.
Na sexta-feira outra paralisação pegou os usuários de surpresa. Os funcionários da Pioneira, empresa concessionária do sistema de ônibus, cruzaram os braços em protesto contra a demissão de um colega. Cerca de 30 mil passageiros foram atingidos, principalmente na região de São Sebastião, a 20 Km do centro de Brasília. O protesto só acabou quando a empresa decidiu recontratar o funcionário.
Problema histórico
Especialista em mobilidade urbana e professora do Uniceub, Monica Veloso explica que o problema de Brasília com o transporte público é fruto do próprio planejamento da cidade, agravado pela cultura local do uso do automóvel particular. “A conta do transporte público é dividida pelo número de usuários. É preciso reeducar o cidadão a usar os ônibus a fim de melhorar a mobilidade urbana”, ressalta Monica.
Por ano, o subsídio aplicado pelo governo local aos ônibus chega a quase R$ 1 bilhão. Brasília sofre ainda com outro problema comum aos grandes centros urbanos, que é a concentração dos postos de trabalho no centro da cidade. Sendo assim, o deslocamento diário de passageiros ocorre, normalmente, no mesmo horário e com pouco “sobe e desce” nos ônibus – o que aumenta o preço da passagem e diminui a qualidade do transporte.
A solução para a mobilidade urbana é um desafio comum a todas as outras metrópoles mundiais. A mudança, porém, torna-se ainda mais complexa por envolver aspectos políticos e econômicos, como o investimento em transporte público de qualidade e a diminuição do incentivo à compra e ao uso de carros individuais.