O Greenpeace entrou com uma queixa crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação, protocolada nesta quarta-feira (30), acusa o ministro de difamação por conta das declarações em que Salles chama de ecoterrorista e associa o Greenpeace ao vazamento de óleo no Nordeste.
“Reclamamos queixa crime contra o Sr. Ministro por este ter, em ao menos três oportunidades
e de forma contínua, praticado crime de difamação contra a organização”, informou o Greenpeace, que elencou essas três situações, toda registradas na semana passada.
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A primeira ocorreu logo depois do protesto que a organização promoveu na frente do Palácio do Planalto contra o avanço do óleo no litoral nordestino. A manifestação acabou com ativistas presos e taxados de ecoterroristas por Salles. A segunda veio apenas um dia depois, quando o ministro compartilhou uma entrevista sua sobre o Greenpeace nas redes sociais voltando o chamar o grupo de terrorista. E a terceira surgiu logo depois, quando Salles usou as redes sociais para sugerir que um navio do Greenpeace teria relação com o vazamento de óleo no Nordeste. Como mostrou o Congresso em Foco, o ministro recebeu uma série de críticas por conta desse post. Até o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou explicações do ministro, que respondeu o deputado com um novo ataque ao Greenpeace.
Para a organização não governamental, essas atitudes são graves e mostram que Salles não está à altura do cargo que ocupa. “Ministros de Estado devem apresentar postura pública à altura do cargo que ocupam. Acusações levianas e irresponsáveis, vindas de tais autoridades, constituem fato grave e não podem ser normalizadas. O processo que ora iniciamos contra o Sr. Ministro é também uma
forma de repúdio por tais comportamentos”, afirmou o Greenpeace nesta quarta-feira.
O Greenpeace argumentou que, diante do desastre ambiental que assola o Nordeste, “é inconcebível que exatamente o ministro do Meio Ambiente tenha tempo e disposição para levantar falsas acusações nas redes sociais”. “Ao invés disso, o Sr. Ministro, assim como todo o governo, deveria concentrar esforços em prestar assistência à população atingida, além de promover a recuperação dos gravíssimos danos ambientais”, reclamou o Greenpeace, lembrando que esta não é a primeira vez que Salles e o governo federal fazem ataques sem provas a organizações que trabalham na preservação do meio ambiente.
“Infelizmente, ataques à terceiros por parte de integrantes do governo têm sido uma prática
recorrente, como recentemente pudemos verificar nas insinuações de que ONGs e indígenas
estariam vinculados às queimadas na Amazônia, ou ainda no episódio que resultou na
demissão do pesquisador Ricardo Galvão da presidência do INPE, entre outras”, diz o Greenpeace, que promete continuar com “uma postura crítica, pacífica e de valorização da democracia, pressionando os governantes para que atuem pela proteção do meio ambiente e dos direitos individuais e coletivos”.
“O processo movido pelo Greenpeace ocorre no pleno respeito às normas legais vigentes no país e é antes de tudo um ato de fortalecimento da democracia, por não compactuar com abusos daqueles que ocupam cargos de privilegiado poder no Estado brasileiro”, ressaltou a organização, que chegou ao Brasil em 1992 e garante que, desde então, tem trabalhado de forma pacífica, apartidária e independente na defesa do meio ambiente, sem dinheiro de governos, partidos políticos ou empresas.
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