A ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster disse que “nunca soube” de propinas na empresa. Ela disse isso ao responder pergunta do deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), um dos sub-relatores da CPI da Petrobras.
O deputado mencionou depoimento de um dos delatores do esquema, o engenheiro Shinko Nakandakari, que confirmou à Justiça Federal pagamentos de propina ao ex-diretor da estatal Renato Duque e ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, em contratos da Diretoria de Energia e Gás, entre 2008 e 2013.A diretoria foi dirigida no período por Ildo Sauer e depois por Maria das Graças Foster.
Estes contratos também estão sob investigação da Polícia Federal na Operação Lava Jato. Foster não foi acusada de participação até o momento.
Pasadena
A ex-presidente da Petrobras repetiu declaração dada por ela no ano passado à CPI Mista da Petrobras a respeito da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Ela disse que, na época, a operação de compra se justificava, mas isso acabou sendo um mau negócio em razão da queda do preço do petróleo. “Eu esperava que em 2014 a refinaria desse um resultado melhor, o que não aconteceu por causa da queda do preço do petróleo. Não foi um bom negócio, olhando com olhar de hoje”, disse.
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A ex-presidente da Petrobras também declarou que que mandou cancelar todos os contratos da Petrobras com a empresa holandesa SBM Offshore assim que soube do pagamento de propinas a diretores pelo empresário Bruno Chabas, representante da própria SBM. “Eu disse a ele que cancelaria os contratos se ele não me dissesse quem pagou propina a quem, o que acabei fazendo”, disse. Ela afirmou ter testemunhas da conversa com Chabas.
Graça Foster afirmou que a Petrobras analisou todos os contratos com a SBM, sem identificar sobrepreço ou indícios de corrupção. “Eu não consigo imaginar como pode ser verdadeira a fala do (Pedro) Barusco (ex-gerente de Tecnologia da Petrobras, que fez delação premiada) de que ele, sozinho, recebia propina. Até hoje não temos um retrato oficial da propina da SBM. Só temos a fala do Barusco. A Petrobras fez investigações nos contratos com a SBM: fomos à CGU, ao MPF (Ministério Público Federal), à Holanda e eles entendem que não sabem quem pagou propina para quem”, disse a ex-presidente da empresa.
PublicidadeDelação de Barusco
Barusco disse, à Justiça Federal, que começou a receber propina da SBM em 1997 ou 1988, enquanto ocupava o cargo de gerente de Tecnologia de Instalações da Diretoria de Exploração e Produção da Petrobras. Como os contratos eram de longa duração, ele admitiu ter recebido propina regularmente até 2003, período em que era gerente de Tecnologia de Instalações. De 1997 (ou 1998) a 2010, disse ter recebido US$ 22 milhões de propina por conta de contratos entre a Petrobras e a SBM, dinheiro depositado em contas no exterior operadas por Júlio Faerman, representante da empresa.
Faerman devia ter comparecido à CPI hoje, no lugar de Foster, mas não foi localizado pela CPI.
Com informações da Agência Câmara
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