A determinação do ministro é uma resposta do governo às críticas feitas ontem pela cúpula do PMDB à ação da PF, numa tentativa de evitar uma crise com o maior aliado dos petistas às vésperas das eleições. O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticaram as buscas. Ontem à noite, Cardozo foi chamado pela presidenta Dilma para discutir o assunto.
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“No Estado democrático de Direito, é inadmissível que forças policiais sejam instrumentalizadas para atingir candidaturas legitimamente constituídas”, disse Temer em nota assinada como presidente do partido. Renan classificou como “forma intimidatória” a abordagem dos policiais federais.
A principal queixa dos peemedebistas é que a ação, motivada por denúncia anônima de que haveria transporte de dinheiro na aeronave e nos veículos da comitiva, não teve autorização judicial. O partido também reclama do apoio de petistas ao principal adversário da legenda no estado, o ex-deputado Flávio Dino (PCdoB), líder nas pesquisas eleitorais.
Filho do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), Lobão Filho acusa o secretário nacional de Justiça, Paulo Abraão, de estar por trás da operação. Ele gravou um vídeo de apoio à candidatura de Flávio Dino. O secretário nega qualquer relação com o caso e diz que o apoio foi gravado fora do horário do expediente e do ministério.
Os advogados de Lobão Filho divulgaram nota em que anunciaram que vão pedir a investigação de Paulo Abraão por prática de conduta vedada por, “aparentemente”, ter gravado o vídeo “dentro de seu gabinete”. Eles também pedem a apuração da abordagem da PF.
Farsa em presídio
Ainda ontem, o governo do Maranhão afastou do cargo dois diretores da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), do Complexo de Pedrinhas, após um preso confessar que gravou, dentro das dependências da unidade, um vídeo em que acusa Flávio Dino de ser o mandante de um assalto a um carro-forte praticado em fevereiro deste ano.
Na quarta-feira (24), em depoimento à Polícia Civil, o presidiário André Escócio de Caldas, admitiu que recebeu promessa de vantagens para incriminar o candidato. A gravação foi exibida nas emissoras de rádio e TV da família de Lobão Filho, candidato da governadora Roseana Sarney (PMDB).
“Temos todo o interesse que a Polícia Federal se aprofunde no caso para mostrar a armadilha eleitoral criada pelo nosso adversário. O Flávio nunca esteve envolvido em qualquer ilícito”, disse Márcio ao Congresso em Foco. A reportagem procurou Lobão Filho, mas não houve retorno até o momento.
Esta não é a única suspeita de natureza eleitoral que recai sobre o candidato do PMDB. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostra que a campanha de Lobão Filho usou ônibus escolar com identificação do programa Caminho da Escola, do governo, para espalhar propaganda do peemedebista em São Luís. Um vídeo ao qual o jornal teve acesso flagra o veículo sendo abastecido com cartazes de Lobão Filho no pátio de seu comitê eleitoral. O Ministério da Educação abriu uma investigação para apurar o uso eleitoral do ônibus.
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