Ao chegar para um encontro “de cortesia” com o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse há pouco que o governo Lula tem reagido de forma adequada à crise financeira internacional. No entanto, o tucano disse que a equipe econômica “demorou” a tomar as medidas de contenção da crise.
Ao ser perguntado se o governo federal está fazendo a coisa certa, FHC foi sucinto. “Eu acho que sim. No que diz respeito a ativar e consolidar o sistema financeiro, [o governo] está fazendo”, opinou o ex-presidente, sem interromper a caminhada à presidência do Senado. “Mas demorou muito. Agora tem de olhar para o futuro, porque o ano que vem vai ser muito difícil.”
Para Fernando Henrique, o governo tem de reformular alguns projetos iniciados e reduzir despesas. “Os gastos estão muito elevados. Tem de dar uma freada”, abreviou FHC, sem querer entrar em detalhes sobre as medidas provisórias 440 e 441, que concedem reajuste a cerca de 400 mil servidores das chamadas “carreiras de Estado”. Ambas estão à espera de votação no plenário do Senado, e trancam a pauta da Casa. “Eu acho temerário.”
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Recebido por Garibaldi e pela bancada tucana no Senado – representada por senadores como o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), Eduardo Azeredo (MG) e Marconi Perillo (GO) –, além do líder do DEM, José Agripino (RN), FHC disse que as crises que enfrentou em seus dois mandatos (entre 1995 e 2002) foram de ordem cambial, e não tinham a gravidade da que está em curso.
“Globalmente, essa crise atual é mais grave. Equivalente a essa – ou com maior gravidade – só a de 29”, disse o tucano, referindo-se à crise iniciada nos Estados Unidos em 1929, com a quebra de diversos bancos privados norte-americanos, o que daria início à chamada Grande Depressão. “Para o Brasil é diferente, porque não é como as crises como as que enfrentei, que eram cambiais. Esta é de liquidez e de confiança. É outro tipo de crise.”
MPs
Depois de cerca de vinte minutos reunidos na presidência do Senado, FHC e Garibaldi Alves se dirigiram ao prédio do Interlegis (Comunidade Virtual do Poder Legislativo), onde o ex-presidente da República abrirá um ciclo de palestras sobre "o excesso de medidas provisórias e a conseqüente diminuição do espaço do Poder Legislativo", como informa a assessoria de imprensa da instituição.
De iniciativa do próprio Garibaldi Alves, um dos principais críticos do que seria a ingerência do Executivo na função de legislar dos congressistas, o ciclo de palestras será encerrado no próximo dia 26, com pronunciamento do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). (Fábio Góis)
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