Eleitora de Marina no primeiro turno e de Dilma no segundo, em 2010, Ângela qualificou como “infeliz comparação” a declaração da ex-senadora, feita durante o debate entre os presidenciáveis na Band (veja a íntegra), na última terça-feira (27), de que Chico Mendes também fazia parte da “elite”.
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A comparação feita por Marina também foi rebatida ontem pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri (Acre). Em nota, o sindicato afirmou não concordar com a política ambiental defendida pela ex-ministra do Meio Ambiente e defendida por ela nos dias atuais.
Na mensagem publicada no Facebook, Ângela diz respeitar e admirar a trajetória de vida e o esforço da ex-senadora do Acre, que, alfabetizada apenas aos 16 anos, tornou-se uma das principais referências mundiais na questão ambiental. Mas isso, por si só, segundo a filha de Chico Mendes, não credencia a ex-ministra do Meio Ambiente a governar o país. Ela critica as decisões tomadas por Marina desde que deixou o PT.
Críticas
“Marina pra mim ainda é um enorme ponto de interrogação, pra começar: desistiu do PT (utopia do passado) quando poderia ter resistido como fazem hoje tantos PTistas históricos mesmo não tendo o mesmo espaço que a elite que tenta dominar o partido, não resistiu à pressão enquanto ministra quem me garante que vai resistir à pressões ainda mais forte se eleita presidente?”, questiona.
Ângela também questiona as “concessões” feitas pela cúpula do PSB para alavancar a candidatura de Marina. “Terá ela realmente liberdade pra governar? Não sei, como será esse mandato em rede, apenas com os melhores? Quem são esses melhores e quais critérios serão utilizados pra escolha desses ‘melhores’?”
A filha do ex-líder seringueiro assassinado em 1988 em Xapuri, no Acre, diz que suas “dúvidas” são para Marina e suas “esperanças”, para Dilma. Na eleição de 2010, Ângela chegou a gravar um vídeo divulgado na internet em que dizia ter votado em Marina, então candidata pelo PV à Presidência, no primeiro turno. “Votei na Marina por lealdade à história dela com o meu pai”, declarou à época. Mas cobrava apoio da ex-ministra do Meio Ambiente à candidatura de Dilma no segundo turno.
Debate na Band
A declaração de Marina sobre Chico Mendes, seu amigo pessoal e aliado na luta dos seringueiros no Acre, surgiu quando a candidata foi questionada por Levy Fidélix (PRTB) por suas ligações com o empresário Guilherme Leal, da Natura, e a socióloga Neca Setúbal, herdeira do banco Itaú.
“Não tenho preconceito contra a condição social de nenhuma pessoa. Quero combater essa visão de apartar o Brasil, de que temos de combater as elites. O Guilherme faz parte da elite, mas os ianomâmi também. A Neca é parte da elite, mas o Chico Mendes também é parte da elite”, disse. “Essa visão tacanha de ter de combater a elite deve ser combatida. Eu quero governar unindo o Brasil, e não apartando o Brasil. Pessoas honestas e competentes temos em todos os lugares”, afirmou.
Veja a íntegra do texto de Ângela Mendes:
“Ok, alguns amigos me pediram uma posição sobre a candidatura da Marina e a menção que ela fez ao meu pai como sendo ele da “elite”.
Vamos lá, eu respeito e admiro muito a Marina pela sua trajetória de vida, pelo esforço pessoal com que venceu todas as dificuldades impostas à ela como o analfabetismo, doenças e toda espécie de discriminação, até pelo modo com que consegue envolver a todos com seu discurso ecologicamente correto e bem acabado, mas pra mim isso não basta pra governar um Brasil como o de hoje, tenho muitas dúvidas, de todos os tipos, Marina pra mim ainda é um enorme ponto de interrogação, pra começar: desistiu do PT (utopia do passado) quando poderia ter resistido como fazem hoje tantos PTistas históricos mesmo não tendo o mesmo espaço que a elite que tenta dominar o partido, não resistiu à pressão enquanto ministra quem me garante que vai resistir à pressões ainda mais forte se eleita presidente? Com tantas concessões feitas pela cúpula do PSB, aliás todas as concessões possíveis, penso eu que será que tramam as cabeças pensantes desse partido caso consigam eleger Marina? Terá ela realmente liberdade pra governar? Não sei, como será esse mandato em rede, apenas com os melhores? Quem são esses melhores e quais critérios serão utilizados pra escolha desses “melhores”? minhas dúvidas são pra Marina, mas minhas esperanças são pra companheira Dilma, que ela consiga, se eleita, continuar melhorando o Brasil, com uma política que tem problemas mas que não admite dúvidas. Ah, quanto ao fato do Chico ser da elite, considero que foi apenas uma infeliz comparação, nem precisa de todo esse mimimi.”
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