Ao contrário do que havia dito no início do governo de Michel Temer, quando comparou o governo a uma pinguela, mas estava disposto a atravessá-lo, o ex-presidente Fernando Henrique passou a defender “atravessar o rio a nado” agora, quando a gestão peemedebista enfrenta sua mais grave crise. “Preferia atravessar a pinguela, mas, se ela continuar quebrando, será melhor atravessar o rio a nado”, disse FHC à Agência Lupa.
O ex-presidente também se disse favorável que seja devolvido “a legitimação da ordem à soberania popular”, o que se daria, neste momento, por meio de eleições diretas. No entanto, ressaltou que cabe ao presidente Michel Temer decidir “se ainda tem forças para resistir e atuar em prol do país”. A declaração faz menção indireta ao fato de que Temer, um dos mais impopulares presidentes da história do Brasil, é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, associação criminosa e obstrução de Justiça. O peemedebista deve ser formalmente denunciado nos próximos dias.
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Ao classificar a crise política como grave, FHC propõe que o assunto seja tratado pensando nos próximos passos, sem ideologias partidárias, que devem ser dados em prol do país: “ou se pensa nos passos seguintes em termos nacionais e não partidários nem personalistas ou iremos às cegas para o desconhecido”.
No dia seguinte aos comentários sobre Temer, a página oficial de FHC no Facebook publicou um texto do colunista da Folha de S.Paulo Bernardo Mello Franco que fala sobre realização de nova disputa eleitoral e adicionou a hashtag #VoltaFHC. A assessoria do ex-presidente diz que a postagem foi um erro da equipe e, por isso, foi excluída.Ontem, o ex-presidente defendeu que “ou há um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder, pedindo antecipação de eleições gerais, ou o poder se erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo antecipação do voto”.
Na última segunda-feira (12), o PSDB, partido do ex-presidente, decidiu continuar com apoio ao atual governo de Temer, mesmo após as recentes denúncias contra o presidente que o levaram, de maneira inédita, a responder a um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, associação criminosa e obstrução à Justiça.
Com 46 deputados e 11 senadores, o PSDB é considerado um partido estratégico para garantir um mínimo de governabilidade na gestão peemedebista. A decisão foi majoritária, sem aferição de votos na instância partidária, com amplo apoio dos caciques da legenda. No entanto, não contou com a presença de FHC.
Desde que as delações da JBS vieram à tona, junto com a gravação do empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, em conversa com Temer, na qual o presidente avaliza uma série de ilícitos cometidos por Joesley, como a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro, ambos presos na Operação Lava Jato, o presidennte tem enfrentado uma enxurrada de pedidos de impeachment na Câmara e diversas manifestações contra sua permanência no governo.
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