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A reportagem mostra que as relações do ministro com o empreendimento são maiores. Em um documento anexado no processo administrativo que tramitou junto ao Iphan, a Porto Ladeira da Barra Empreendimento, empresa responsável pelo La Vue, nomeou como procuradores os advogados Igor Andrade Costa, Jayme Vieira Lima Filho e o estagiário Afrísio Vieira Lima Neto.
Jayme é primo de Geddel e sócio dele no restaurante Al Mare, em Salvador. Afrísio é filho do deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel. Igor é sócio de Jayme num escritório de advocacia. A procuração foi assinada cinco dias após a posse do articulador político do presidente Michel Temer. Semanas antes, ainda no governo Dilma, o Iphan havia embargado a obra por considerar que ela afetaria monumentos históricos como o Forte de São Diogo e a Igreja de Santo Antônio da Barra.
A construção do La Vue foi autorizada em 2014 depois de um parecer do então coordenador-técnico do Iphan na Bahia, Bruno Tavares. A decisão dele, no entanto, foi considerada apenas um estudo interno sem valor legal. Em junho deste ano, já na gestão de Temer, Tavares foi conduzido à direção regional do Iphan na Bahia.
Igor Andrade Costa afirmou à Folha que foi o único advogado da Vieira Lima Filho Associados a atuar no processo junto ao Iphan. Segundo ele, os nomes do primo e do sobrinho de Geddel constam na procuração porque, “segundo o Código de Processo Civil, todos precisam ser listados no processo”. O advogado nega interferência do ministro no caso e diz que sequer o conhece pessoalmente nem sabia que ele tinha comprado um imóvel no prédio. De acordo com ele, o processo agora está aos cuidados de um escritório de Brasília. “Não tenho nada a ver com isso. Isso é um assunto do Jayme Vieira Lima, que é um profissional liberal”, afirmou Geddel.
Ontem lideranças da base aliada fizeram um ato de desagravo ao ministro, que é investigado na Comissão de Ética. Lideranças da oposição pedem a demissão de Geddel por tráfico de influência e advocacia administrativa. Mas o presidente Michel Temer já avisou que não pretende demiti-lo. Geddel alega que não fez pressão, apenas pediu cuidado a Calero com o prédio – não por interesse pessoal, mas por estar preocupado com a geração de empregos na cidade.
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