Em sessão solene do Congresso realizada ontem (14) para promulgação da Emenda Constitucional 78/ 2014, que estabelece o pagamento de uma indenização única de R$ 25 mil aos chamados soldados da borracha, o ex-seringueiro Belizário Costa, de 96 anos, causou constrangimento aos parlamentares ao criticar o valor do benefício e a demora na aprovação da matéria. “O dinheiro que nós estamos ganhando é o dinheiro que o deputado usa no café”, afirmou.
Convidado para discursar na mesa do Senado, Belizário responsabilizou a presidenta Dilma Rousseff e a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), uma das principais articuladoras da aprovação da proposta, pelo valor de indenização. “Uma mixaria”, segundo ele. Veja o vídeo:
O governo federal vai gastar R$ 300 milhões com a indenização de serigueiros e familiares que foram para a Amazônia durante a 2ª Guerra Mundial, convocados pelo governo por sua contribuição ao país na extração da matéria-prima para a produção de borracha.
“Nós que ganhamos a guerra. Nossos governantes hoje não dão valor para nós. Quando nos contrataram, prometeram tudo. E eu, até hoje nem casa eu tenho. Moro de aluguel, ganho dois salários mínimos que não dão nem para comprar o que comer”, reclamou Belizário.
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O aposentado culpou a deputada Perpétua Almeida pelo baixo valor da indenização. “Não gosta dos acrianos e nunca mais será eleita”, afirmou, a poucos metros da parlamentar, que também integrava a mesa. Perpétua não se manifestou, mas foi defendida pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que presidia a sessão.
“A Mesa cumprimenta o senhor Belizário. Mas estamos todos comemorando essa grande vitória. Essa é uma vitória para o povo e os soldados da borracha. Quero fazer justiça a essa pessoa que está do nosso lado. Nenhum dia, minuto, deixou de negociar para que hoje pudéssemos estar aqui”, disse, referindo-se à deputada do PCdoB do Acre, sentada ao seu lado e que ouviu calada as críticas do “soldado da borracha”.
PublicidadeAlém dos ex-seringueiros, também terão direito ao benefício os seus dependentes. Pela Constituição, os soldados da borracha já têm direito a uma pensão vitalícia de dois salários mínimos, equivalente a R$ 1.448. A emenda vai beneficiar os seringueiros que, na década de 1940, deixaram suas cidades para extrair látex na Amazônia. A borracha era enviada para os Estados Unidos, onde era usada em equipamentos utilizados pelos aliados durante a 2ª Guerra Mundial.
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