Condenado a 16 anos de prisão por corrupção, em fatos relacionados à Operação Lava Jato, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro contou em depoimento ao juiz Sérgio Moro que pagou R$ 3,8 milhões em troca de proteção na CPI mista da Petrobras, em 2014. Léo Pinheiro disse que os valores foram repassados aos então senadores Vital do Rêgo (PMDB-PB) Gim Argello (PTB-DF) – presidente e vice da CPI do Senado – e ao deputado Marco Maia (PT-RS), relator da comissão mista.
O executivo revelou, ainda, que o então ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, participou de uma das reuniões marcadas por Gim e Vital na casa do petebista, preso na Lava Jato. De acordo com Léo Pinheiro, Berzoini não falou em valores, mas relatou preocupação do governo com o desenrolar das investigações e pediu a colaboração de empresas para evitar que o governo fosse prejudicado.
“Claro que o presidente de uma CPI, o vice-presidente, um ministro de Estado e um empresário que está sendo investigado não é uma reunião adequada, acho que isso está claro para qualquer pessoa”, declarou o empreiteiro.
Segundo ele, Gim e Vital afirmaram que poderiam adiar requerimentos, controlar o calendário da investigação e impedir a convocação de empreiteiros. Léo Pinheiro disse que pagou R$ 2,8 milhões dos R$ 5 milhões pedidos pelos senadores.
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O empreiteiro declarou que pagou mais R$ 1 milhão a Marco Maia para proteger a OAS no relatório final. “Ele me falou: O produto final da CPI é um relatório. Eu tenho preponderância nisso.”
Réu na ação que investiga a obstrução da CPI mista da Petrobras, o ex-presidente da OAS ficou em silêncio no primeiro depoimento que prestou ao juiz Sérgio Moro. Devido à recusa em colaborar com a investigação, Moro determinou o retorno do empresário à prisão. Dias depois, Léo Pinheiro decidiu prestar esclarecimentos. “Quero colaborar no que eu puder e agindo exatamente como agi aqui. Eu sei dos crimes que eu cometi. Não estou fugindo de nenhum deles. Direi todos que cometi, seja quem for do outro lado”, disse.
Hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, afirmou que “jamais negociou, com quem quer que seja, valores relacionados a doações ilícitas de campanhas eleitorais ou qualquer tipo de vantagem pessoal”. Vital e Marco Maia, que têm foro privilegiado, já respondem a inquérito sobre o caso no Supremo Tribunal Federal. O deputado não se manifestou sobre a denúncia de Léo Pinheiro.
Já Ricardo Berzoini informou que não sabia que o empreiteiro participaria do encontro na casa de Gim Argello e que, na condição de ministro, apenas manifestou preocupação para que a CPI não se tornasse “palanque político-eleitoral”. Em depoimento ao próprio Moro, há duas semanas, Gim chorou e alegou ser inocente.
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