Lucas Ferraz

Parlamentares da base governista discutem a possibilidade de se criar na Câmara dos Deputados uma CPI para investigar as obras no metrô de São Paulo. Mais do que averiguar o que aconteceu nas obras de expansão da Linha Verde e as causas do acidente que fez abrir uma cratera na capital paulista, matando sete pessoas, a iniciativa tem o objetivo de pressionar o PSDB, que luta contra a instalação de uma CPI sobre o tema na Assembléia Legislativa de São Paulo.

O pano de fundo é a criação da CPI do Apagão Aéreo. A oposição reuniu assinaturas para instalar a comissão na Câmara, mas deputados do governo apresentaram requerimento, aprovado em plenário, determinando o seu arquivamento. Agora, aguarda-se a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que será tomada no próximo dia 25. O Ministério Público Federal já se manifestou em favor da instalação da CPI (leia mais).  

A pressão de deputados governistas é um jogo de cena para pressionar os tucanos, conforme admitiu ao Congresso em Foco um parlamentar do PT. Por isso mesmo, ninguém assume a paternidade da idéia, que não é bem vista no governo. A avaliação é de que haveria uma radicalização desnecessária nas comissões, o que prejudicaria as votações no Congresso. A aposta é que a iminente CPI do Apagão Aéreo seja criada apenas na Câmara, onde ele não teria dificuldades de controlá-la.

Mas, segundo outro deputado, não se pode descartar a possibilidade de a ameaça ser levada adiante, exatamente para assegurar que a CPI do Apagão Aéreo seja instalada apenas na Câmara, conforme admite a bancada tucana, divergindo do DEM (leia mais). Como o governo tem uma apertada maioria no Senado, teme uma investigação naquela casa.

Mesmo se tratando de obra do governo de São Paulo, é possível criar uma CPI do Metrô na Câmara porque o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), órgão federal, emprestou R$ 331 milhões para o estado executar a obra. O montante corresponde a mais de um terço do custo total do projeto, que é estimado em R$ 950 milhões.