Pela primeira vez nas últimas décadas o PSDB disputará o governo de São Paulo fora do Palácio dos Bandeirantes. Não é pouco. O maior estado brasileiro é “um país a parte.” Com 43 milhões de habitantes e PIB maior que o da Argentina, responde sozinho por quase 1/3 das riquezas nacionais. Concentra 22% dos eleitores brasileiros. É pouco?
Quem assumirá o governo no lugar de Alckmin, que irá se desincompatibilizar para disputar a presidência, é o socialista Márcio França. O vice-governador é parte da engrenagem montada por Eduardo Campos para tentar quebrar a polarização nacional PT x PSDB. O saudoso neto de Arraes manobrou por todo país, fazendo alianças amplas para tentar viabilizar uma terceira via que o destino, infelizmente, ceifou tragicamente.
Os tucanos já anunciaram que não apoiarão França. A certeza da vitória é tão grande que se dão ao luxo de desdenhar publicamente do futuro governador. Serra, Doria e José Aníbal andam se cutucando pela vaga. Macris, o presidente tucano da Assembléia Legislativa de São Paulo, chegou ao ponto de tentar enquadrar França numa entrevista à Folha.
O socialista tem mantido a linha que a conjuntura lhe permite, habilidoso, segue nos bastidores costurando uma aliança que lhe garanta preciosos minutos na TV. Alckmin trabalha para ficar em uma situação das mais confortáveis. Uma candidatura puro sangue de seu partido e a reeleição de seu atual vice-governador. Dois palanques fortes. Para quem deu 64,3% dos votos em São Paulo para Aécio, um mineiro, esta construção indica a possibilidade de uma votação ainda maior para Geraldo.
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O que faria Alckmin se a esquerda declarasse apoio à reeleição de França? Se recuar para apoiá-lo, afastando-o da esquerda, implodiria o PSDB. A “caneta do Bandeirantes” foi a responsável por fornecer oxigênio às aves de bico avantajado durante o longo domínio da esquerda no cenário nacional. É um erro subestimá-la. O apoio às reeleições de Márcio França e Paulo Câmara, em São Paulo e Pernambuco, traria de vez o PSB de volta à unidade do campo popular e democrático. Significaria uma grande dor de cabeça para os Tucanos em seu quintal.
PublicidadeÉ o Planalto nosso alvo estratégico?
Marcar posição pode fazer bem ao ego. Flexões importantes podem não levar necessariamente à vitórias locais, mas se somam no jogo estratégico não podem jamais ser ignoradas. Eleição num continente do tamanho do Brasil precisa ser disputada com competência. Não há mistério. Vale seguir a lição do Grêmio, campeão da América. Tem que fazer a sua parte quando joga em casa com sua torcida, golear se possível. Na casa do adversário, se for impossível ganhar, é fundamental dar trabalho, embolar o jogo, cansar o oponente. Um empate já é mais que suficiente para conseguir levantar o caneco no final.
Aécio perdeu a partida em casa, sua Minas Gerais lhe abandonou. Acabou derrotado. Estamos fazendo bem o trabalho em nossa arena. O Nordeste está vermelho. Vamos ser novamente “goleados honrosamente na Bombonera” ou saberemos endurecer o jogo criando o máximo de problemas possíveis no campo adversário?
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