Alvo da Operação Janus, deflagrada ontem (20) pela Polícia Federal, o empresário Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho da primeira esposa do ex-presidente Lula, é suspeito de receber irregularmente recursos da Odebrecht em uma obra realizada em Angola, que contou com financiamento do BNDES. De acordo com os investigadores, a Exergia Brasil, empresa de Taiguara, recebeu R$ 3,5 milhões da empreiteira para conduzir a reforma da hidrelétrica Cambambe, em Angola. No entanto, documentos obtidos pelo jornal O Globo revelam que o valor recebido pela Exergia Brasil é bem maior: US$ 7,5 milhões vindos da Odebrecht.
Segundo o jornal, a construtora fez diversos pagamentos à Exergia desde 2011, todos eles vinculados a oito projetos em Angola. E-mails apreendidos pela PF em junho do ano passado com um diretor da Odebrecht revelam uma lista de serviços prestados pela Exergia Brasil no país africano. As mensagens citam pagamentos decorrentes da obra da hidrelétrica de Cambambe (já mencionados pela PF), além de valores relacionados à hidrelétrica de Laúca – que recebeu, em 2014, financiamento de US$ 147 milhões do BNDES.
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Também entram na lista projetos realizados em Luanda, na refinaria de Lobito, além de serviços de gestão de qualidade no realojamento de populações, topografia para construção de estrada, entre outros.
Operação Janus
Taiguara e seu sócio, José Emmanoel Carmano, foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento ontem. Eles foram questionados sobre os serviços realizados em obras do complexo hidrelétrico de Cambambe, que recebeu um financiamento de US$ 464 milhões do BNDES. De acordo com as investigações da PF, a Exergia Brasil não teria condições para executar os contratos celebrados com a Odebrecht, e eles de fato só existiriam no papel
O objetivo da operação Janus (uma referência ao deus romano de duas faces, capaz de olhar para o passado e o ver o futuro ao mesmo tempo), é investigar se o ex-presidente Lula praticou tráfico internacional de influência em favor da construtora Odebrecht. A suspeita é de que a empresa de Taiguara foi utilizada para o pagamento de vantagens indevidas por meio de contratos firmados com a construtora entre 2012 e 2015.
PublicidadeA reportagem não localizou os advogados da Exergia e a Odebrecht preferiu não se manifestar sobre a operação. Já o Instituto Lula disse em nota que o petista não foi parte da operação policial, e que os procuradores tentam “sem resultado, apontar ilegalidades na conduta do ex-presidente”.
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