Um prédio de 24 andares, em chamas, desmorona como um castelo de areia na madrugada desta segunda para terça-feira (1º de maio) no centro de São Paulo. No vídeo abaixo, a partir dos dez segundos, é possível ver com riqueza de detalhes e boa qualidade de imagem o exato momento em que o prédio, que há anos estava ocupado por famílias sem teto, transforma-se em escombros incandescentes em segundos.
A montanha de poeira e detritos produzida pela queda se mistura à fumaça cinzenta do incêndio e atinge dezenas de metros na noite paulistana. Autoridades do estado trabalham desde a madrugada para minimizar as consequências da tragédia, que fez ao menos uma vítima fatal (leia mais abaixo). O Ministério Público em São Paulo reabriu inquérito que havia arquivado há 45 dias para apurar o risco de desabamento da edificação.
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Assista ao vídeo:
Mais cedo, o presidente Michel Temer, que passa o feriado do Dia do Trabalhador em São Paulo, foi duramente hostilizado por moradores que acompanhavam o trabalho do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil no local (veja o vídeo). Prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) informou que cerca de 70 prédios estavam em condição de risco semelhante ao edifício destruído pelas chamas, construído na década de 1960 para ser a primeira sede da Companhia Comercial Vidros do Brasil.
Propriedade da União desde 2002, o prédio já abrigou unidades da Polícia Federal e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em 1992, foi tombado como patrimônio histórico por ter sido considerado “bem de interesse histórico, arquitetônico e paisagístico”. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP), por meio de nota, criticou o poder público, “em todas as esferas”, pelo descaso em relação ao quadro urbanístico das cidades brasileiras e pela ausência de políticas nacionais de habitação.
Questão de segundos
Segundo informações preliminares, até o momento 34 pessoas continuam desaparecidas após o desastre. Ao menos uma vítima fatal da tragédia já foi identificada. Trata-se de Ricardo “Tatuagem”, que morava no prédio há quatro anos e tinha esse apelido devido às diversas tatuagens que tinha pelo corpo. Com cerca de 30 anos, Ricardo já havia saído do local instantes depois de iniciado o incêndio, mas voltou para ajudar moradores dos andares mais altos que tiveram dificuldades de sair do prédio de 24 pavimentos.
Segundo o portal G1, Ricardo morava sozinho e sobrevivia descarregando produtos importados chineses no centro de São Paulo. O bombeiro que tentou resgatá-lo, sargento Diego, relatou que chegou a se comunicar e até mesmo visualizar o morador, mas por pouco não conseguiu retirá-lo dos escombros.
“Fui orientando ele para ir se amarrando. A ideia era que passasse fita em volta do tórax dele. E depois ficaria preso. E depois a gente tiraria ele dessa situação. O problema maior foi que na hora que a gente ia retirar, o prédio caiu, tencionou a corda e ela não aguentou o peso. Não daria 30, 40 segundos, pra gente finalizar”, reporta o texto de Paula Paiva Paulo e Luiz Gerbelli.