Congresso em Foco – O que muda com a entrada de Marina no PSB?
Márcio França – Muda basicamente a polarização. Teremos um tripé de candidatos fortes. A soma é fácil. É só somar o que têm a Marina e o Eduardo. Ela encostaria entre Aécio e Dilma. Isso aconteceria lá na frente. Com a entrada da Marina, antecipamos um pouco isso. Eduardo ainda é uma pessoa desconhecida do grande público, vai antecipar esse conhecimento e trazer uma novidade ao processo eleitoral. Ganhar ou perder, não podemos controlar.
Com a entrada da Marina, ele já é candidato?
Claro que sim. Vai falar que não? Já está aí. Estão certos não só o nome dele, mas o nome dela para vice. Todos vão querer isso. É algo que será aclamado, a não ser que haja uma hecatombe. Mas me parece impossível pensar numa chapa que não tenha os dois juntos.
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Há possibilidade de ele ceder a cabeça da chapa para ela caso, mais adiante, caso ela continue aparecendo bem à frente dele?
Nunca foi pensado isso. Mas o principio básico de você aceitar alguém é aceitar mudança. No nosso caso, estamos recebendo eles no nosso partido. A gente segue a lógica de que não é só número de pesquisa que produz uma eleição. Se testar agora o nome do Tiririca, ele terá 8% ou 10% das intenções de voto. Não quer dizer que ele seria eleito presidente da República. Há uma série de fatores que, neste instante, estão preenchidos pelo Eduardo. A vinda dela acrescenta outro fator.
O PSB recebeu, recentemente, filiados vindos de partidos conservadores, como o ex-senador Heráclito Fortes (ex-DEM) e o deputado licenciado Paulo Bornhausen (ex-DEM e PSD). Como conciliar afiliados com esse perfil com o grupo da Marina?
Não conseguiríamos construir nosso processo se fôssemos puristas na eleição. Lula conseguiu se eleger presidente quando botou o José Alencar como vice. Ele agora está trazendo um empresário para ser vice do Alexandre Padilha na disputa ao governo de São Paulo. Eles sabem que não dá para botar redutor ideológico nas composições políticas no Brasil. São pessoas que enxergam no Eduardo uma gestão mais moderna, que tem caráter empresarial em Pernambuco. Isso atrai as pessoas. Dr. Arraes sempre dizia que não exclui se apoio. Agora, apoiar é diferente. Você vai dizer a alguém que ele está proibido de apoiar você? Se a gente tivesse oportunidade de juntar centenas de milhares de pessoas iguais a nós, seria o ideal. Temos de juntar o que está disponível.
Não há o risco de alargar demais essa composição? Não é disso que acusam o PT aliados históricos, como o próprio PSB?
O PT contribuiu muito para o Brasil. É um grande partido. Precisamos garantir uma espinha dorsal. Um dia nosso partido vai ser vitorioso e terá a chance de governar. O que não vai durar para sempre. Todo ponto que a gente insere num programa político é impossível fazer apenas com pessoas com origem no PSB. Arraes e Eduardo, por exemplo, entraram no partido bem depois de mim, do Rodrigo Rollemberg e do Renato Casagrande. Foram boas aquisições. A gente tem a esperança de que quem está convencido convive e convence. É essa a base do processo.
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