Se na semana passada o tema preferido pelos deputados a nomeação de Lula na Casa Civil e a polêmica em torno do ex-presidente, nesta terça, a pauta do impeachment foi norteada pelo posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com relação ao impeachment. Os deputados trouxeram opiniões de diferentes juristas a respeito da legalidade do processo que pode retirar a presidente do cargo.
A discussão começou com o deputado Ricardo Vale (PT), que colocou a OAB como uma instituição “golpista” e que “não representa seus associados”. Vale foi apoiado pelos colegas de partido, Chico Vigilante e Wasny De Roure. Chico afirmou veementemente que a atual presidência da OAB é a mesma de 1964 (quando houve um golpe e o Brasil tornou-se uma ditadura militar). O petista disse ainda que se a presidente for impedida pelas chamadas pedaladas fiscais, “haverá uma reação em cadeia, já que 16 governadores cometeram o mesmo delito”.
A linha de defesa do impeachment, que última terça-feira era liderada pela presidente da CLDF, Celina Leão (PPS), atualmente de licença médica, desta vez contou com os argumentos do seu colega de partido, Raimundo Ribeiro (PPS). Ele afirmou é advogado e que se sente representado pela presidência da OAB pela atitude tomada “em favor do impeachment e do povo brasileiro”, segundo ele. O deputado dá como certa a saída de Dilma do poder e a chamou de “criminosa” por defender Lula – que, de acordo com o parlamentar, age como “trombadinha”.
Segundo o regimento da Câmara Legislativa, as sessões ordinárias acontecem sempre às terças, quartas e quintas feiras, a partir das 15h. A presença dos deputados é obrigatória e a ausência não justificada resulta no corte de ponto dos distritais. Cada falta não justificada implica em um desconto de R$ 840 no salário de R$ 25,2 mil a que o parlamentar tem direito. Ainda que não permaneça em plenário até o momento da votação, a presença do deputado já é validada no momento em que ele assina a lista de presença.
Alguns deputados ouvidos pelo Congresso em Foco alegaram que a atividade parlamentar não acontece somente no Plenário da Casa. Eles alegaram que, a partir das reuniões de líderes de bancada, se não houver uma pauta expressiva ou entendimento para votações, alguns preferem tratar de outros assuntos.
Na pauta da Casa, acumulam-se importantes temas a serem discutidos, como a CPI da Saúde, que pretende investigar o caos na saúde no Distrito Federal. O próprio deputado Chico Vigilante, antes de falar do impeachment, citou a “situação vergonhosa dos pacientes do Hospital de Base do Distrito Federal que estão tendo que levar roupas e lençóis do hospital para serem lavadas em suas casas”. O parlamentar ainda insistiu para que houvesse votação, mas a verificação de presença foi aberta e não havia quórum suficiente na Casa.
Nesta quarta-feira (30), os parlamentares farão uma sessão externa no campus da Ceilândia da Universidade de Brasília (UnB), a cerca de 30 quilômetros do centro da cidade. O objetivo é receber demandas dos universitários e moradores para serem discutidas na Câmara Legislativa.