As informações constam de manchete de capa do jornal Valor Econômico desta sexta-feira (12), cujo serviço de informação em tempo real, o Valor PRO, obteve centenas de documentos internos comprovando as irregularidades e os alertas feitos à diretoria. Segundo a reportagem, entre os desmandos ignorados pela cúpula há o pagamento de R$ 58 milhões para custear serviços de comunicação não prestados, em 2008; a “escalada de preços” que elevou em mais de US$ 14 bilhões as despesas da Refinaria Abreu e Lima; e o sobrepreço de até 15% nas contratações de fornecedores de óleo combustível para as unidades da estatal fora do país.
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A reportagem lista uma série de providências contra os desvios tomadas por uma gerente da estatal que, por ter tentando freá-los, advertindo a diretoria, foi transferida para a Ásia. Servidora de carreira da Petrobras desde 1990, Venina Velosa da Fonseca ocupou diversos cargos na petrolífera e começou a denunciar os desmandos entre novembro de 2005 e outubro de 2009, quando era subordinada ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, hoje um dos principais delatores do esquema de corrupção. Venina está afastada da empresa desde 19 de novembro, e agora vai prestar depoimento ao Ministério Público no Paraná, onde tramitam as investigações da Lava Jato.
Em uma das mensagens enviadas a Foster, Venina relata as ameaças, inclusive de morte, que passou a receber depois de apresentar denúncias sobre os desvios. “Desde 2008, minha vida se tornou um inferno, me deparei com um esquema inicial de desvio de dinheiro, no âmbito da Comunicação do Abastecimento. Ao lutar contra isso, fui ameaçada e assediada. Até arma na minha cabeça e ameaça às minhas filhas eu tive”, disse a gerente, acrescentando ter recebido o aviso para ficar “quieta”.
De acordo com o Valor, os problemas em atividades da Perobras foram comunicados à cúpula por meio de e-mails e davam conta de desvios ocorridos antes e durante a gestão de Graça Foster, cuja permanência no cargo é defendida pela presidenta Dilma Rousseff e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mas criticada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
“As constatações de problemas nessas áreas foram comunicadas para a presidente da estatal, Graça Foster, e para José Carlos Cosenza, que substituiu o delator Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento e é responsável pela Comissão Interna de Apuração de desvios na estatal. Para Graça foram enviados e-mails e documentos comunicando irregularidades ocorridas tanto antes de ela assumir a presidência, em 2012, quanto depois. […] Em 2014, foram remetidas a Graça denúncias envolvendo os escritórios da estatal no exterior. Nenhuma providência foi tomada com relação a esse último caso, ocorrido sob a sua presidência”, diz trecho da matéria.