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A ideia da cúpula governista é deslegitimar a reunião dos peemedebistas por meio da ausência de caciques da legenda, como o ex-presidente da República José Sarney e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) – com quem o ex-presidente Lula se reuniu na última quarta-feira (23) com vistas a garantir o apoio ao governo. Assim, mesmo na hipótese de rompimento – já considerado irreversível pelo Planalto –, o governo passaria a imagem de que o partido está rachado e apenas uma ala radical insiste na debandada, mas com o contraponto de que figuras de peso, como Sarney e Renan, não avalizam o rompimento.
Na reunião, os ministros Eduardo Braga (Minas e Energia), Marcelo Castro (Saúde), Celso Pansera (Ciência, Tecnologia e Inovação), Henrique Alves (Turismo); Mauro Lopes (Secretaria de Aviação Civil) e Helder Barbalho (Secretaria de Portos) se comprometeram a não comparecer à reunião da cúpula peemedebista. Além disso, garantiram a Dilma que procurarão parlamentares federais, além de dirigentes estaduais e municipais do PMDB, com o objetivo de dissuadi-los de ir ao encontro. Apenas a ministra Kátia Abreu (Agricultura), que cumpre agenda fora de Brasília, não foi hoje (segunda, 28) à reunião no Planalto. Chefe do gabinete presidencial e um dos homens de confiança de Dilma, Jaques Wagner também participou da reunião com os ministros.
Primeiro na linha sucessória de Dilma, o vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, vai acompanhar a reunião do diretório nacional de perto. Como este site adiantou na última quarta-feira (23), o cacique peemedebista desistiu de viajar nesta terça-feira (29) para Portugal, onde participaria de um seminário acadêmico promovido pelo Instituto Brasiliense de Direito Público, criado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. A atenção especial tem explicação: dos 27 diretórios do partido, 14 já se posicionou pelo fim da aliança com o governo Dilma e o PT (Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Piauí, Distrito Federal, Acre, Pernambuco, Tocantins, Maranhão, Bahia e Mato Grosso do Sul).
A decisão sobre a permanência ou desembarque do governo tem de ser aprovada por maioria simples (metade mais um dos presentes) entre os 125 integrante da legenda com direito a voto. Com a maior bancada dessa instância decisória (12 votos), o diretório do Rio de Janeiro – que conta com o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ) – já manifestou apoio à saída da base. Diante do quadro, o Planalto agora atua para evitar um efeito cascata que, na esteira da provável debandada integral do PMDB, pode arrastar outros partidos da base, como PP, PR e PSD.
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