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Barbosa toma posse em meio a incertezas no mercado financeiro
Depois de saudar com muitos elogios o agora ex-ministro Joaquim Levy, Dilma leu discurso em que garantiu que serão mantidos os esforços do governo para manter o equilíbrio fiscal, derrubar os índices da inflação e perseguir a retomada do crescimento. Segundo Dilma, a política econômica terá dois pilares centrais – o equilíbrio fiscal “perenemente buscado e mantido” e o crescimento econômico – e disse que é crucial “minimizar os custos para a população”, bem como melhorar a percepção dos investidores a respeito das contas públicas.
Dilma elogiou a persistência de Levy diante da crise político-econômica e a dedicação do ministro em momentos de turbulência. “Sua presença à frente do Ministério da Fazenda foi decisiva para que fizéssemos ajustes imprescindíveis. Sua dedicação e trabalho ajudaram na aprovação da legislação fiscal, mesmo em um ambiente de crise política. Joaquim Levy revelou grande capacidade de agir com serenidade e eficiência, mesmo sob intensa pressão. Em um momento conturbado da economia e da política, o ministro Joaquim Levy superou difíceis desafios e muito contribuiu para a estabilidade e a governabilidade”, agradeceu a presidente.
“Obrigado por sua contribuição inestimável, que jamais deixarei de reconhecer”, continuou, acrescentando votos de boa sorte aos empossados. “Espero, Nelson e Waldir, que vocês sejam vitoriosos.”
Alfinetada
PublicidadeNa continuação do discurso, que consumiu cerca de 15 minutos de leitura, Dilma disse que objetivos de longo prazo serão mantidos com a nova formação da equipe econômica. Para a presidente, as prioridades são restabelecer o equilíbrio fiscal, reduzir a inflação, eliminar a incerteza [do mercado financeiro] e retomar o crescimento “com urgência”.
“A tarefa dos ministros Nelson Barbosa e Valdir Simão é de imediato contagiar a sociedade brasileira com a crença de que equilíbrio fiscal e crescimento econômico podem e devem caminhar juntos. Na verdade, criam as bases para novas medidas e reformas de médio e longo prazo necessárias para um sustentado e prolongado ciclo de expansão”, declarou Dilma, ladeada por Barbosa, Levy, Waldir Simão e o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner.
A presidente incluiu no discurso uma alfinetada na oposição. Ela fez menção ao fato de que o Brasil encerrará o ano com déficit fiscal, situação por ela atribuída a “fatores externos e internos” e a uma “crise política baseada no ‘quanto pior, melhor’”.
“A nossa taxa de crescimento foi afetada por fatores internos e externos: brutal queda nos preços das commodities, redução da produção e investimento nas áreas de petróleo, gás e mineração, bem como queda na construção civil e uma crise política baseada numa visão do ‘quanto pior, melhor’. Não faltou, no entanto, compromisso fiscal do governo federal e, asseguro, não faltará. Não faltou determinação do governo na busca da governabilidade. Perseguimos, em 2015, uma estratégia de estabilização fiscal que continuará nos guiando nos próximos anos com metas realistas e transparentes”, emendou.
Participaram da solenidade, entre outros, os governadores do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, e do Maranhão, Flávio Dino, além de deputados e senadores aliados. Também prestigiaram a cerimônia os presidente dos maiores bancos do país, entre eles Alexandre Correa Abreu (Bando do Brasil), Miriam Belchior (Caixa Econômica) e Luiz Carlos Trabuco (Bradesco).
Nervosismo
Depois de uma queda de braço com Levy, Nelson Barbosa o substitui na Fazenda envolto por incertezas do mercado financeiro sobre sua gestão. Apesar das divergências – enquanto Levy defendia uma política econômica marcada por medidas de ajuste fiscal, Barbosa era favorável à flexibilização da meta fiscal – os dois atuaram juntos no segundo mandato da presidente Dilma, no enfrentamento dos efeitos da crise econômica. Mas, ao final, a saída de Levy antes do fim do ano, e logo em seguida à aprovação das peças orçamentárias, provocou desconfiança generalizada entre os atores do mercado.
O temor de investidores, nacionais e internacionais, é um retrocesso do país ao modelo de política econômica que, sob condução de Guido Mantega e, obviamente, da presidente Dilma Rousseff, levou o Brasil a uma das mais graves crises fiscais dos últimos tempos, com retração da atividade industrial, alta do dólar e dos juros e inflação de volta aos dois dígitos (10,48% no acumulado em 12 meses). Como pano de fundo, a atuação de setores do PT contrários à permanência de Levy, com rumores de que um dos principais articuladores de sua queda foi o ex-presidente Lula.
Para tentar acalmar os ânimos do mercado, Barbosa começou os trabalhos já neste fim de semana, quando reuniu em Brasília membros da equipe econômica para dar início ao processo de transição para a nova pasta. Hoje (segunda, 21), continuou a tarefa por meio de conferências virtuais e mais reuniões com investidores, com o objetivo de assegurar que o país vai manter a política de ajuste fiscal implementada pelo antecessor, cujo anúncio de exoneração da Fazenda foi antecipado na sexta-feira (18).
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