Acusada de formação de quadrilha com outros sete petistas, a ex-presidente Dilma Rousseff publicou em seu site nesta quarta-feira (6) um texto com críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável pela denúncia. Para Dilma, a peça acusatória – levada a público em meio à reviravolta nas delações do Grupo JBS e na descoberta de malas recheadas de dinheiro atribuídas ao ex-ministro Geddel Vieira Lima – serve “para desviar a atenção das gravações divulgadas”.
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“Nelas, os próprios delatores [da JBS] declaram que para obter o prêmio da integral impunidade ou da redução da pena dizem aquilo que acreditam ser o que os procuradores querem ouvir”, diz trecho da petista (leia íntegra abaixo), que nomeou Janot e o reconduziu ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR).
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“Na semana em que o país toma conhecimento da deterioração ética e moral que cerca o mercado da corrupção; no dia em que a polícia encontra uma dúzia de malas cheias de dinheiro roubado por elemento central na articulação do presidente golpista; o procurador lança mão do diversionismo e encontra respaldo em parte da imprensa brasileira que se transformou em uma fração politica, perdendo inteiramente a isenção”, acrescenta a ex-presidente, sem citar Janot nominalmente.
Na denúncia em questão, a PGR, que será chefiada por Janot até 17 de setembro, acusa Dilma, o ex-presidente Lula, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), os ex-ministros Antonio Palocci, Guido Mantega, Edinho Silva e Paulo Bernardo e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto por compor organização criminosa. De acordo com Janot, os petistas receberam quase R$ 1,5 bilhão de reais em propinas.
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) será responsável por decidir se os acusados viram réus, o que daria início a uma ação penal. Na peça acusatória, Janot diz que Lula foi “grande idealizador” da organização criminosa apontada, como o Congresso em Foco site adiantou em junho de 2016, com exclusividade. Os acusados se defendem e negam os crimes que lhe são atribuídos.
Leia a íntegra do texto:
A denúncia proposta pela Procuradoria-Geral da República acusando a mim de pertencer e ao PT de constituir uma organização criminosa é um documento que deve ter sido reunido às pressas e baseado, exclusivamente, em depoimentos de delatores premiados.
Não há comprovação resultante de qualquer investigação feita. Apenas ilações, deduções e insinuações tratadas como verdade. Apenas as convicções dos acusadores, baseadas em modelos fantasiosos .
A denúncia se apoia em mentiras fabricadas, algumas bastante antigas, que parecem ter sido recuperadas e trazidas de novo à baila apenas para desviar a atenção das gravações divulgadas. Nelas, os próprios delatores declaram que para obter o prêmio da integral impunidade ou da redução da pena dizem aquilo que acreditam ser o que os procuradores querem ouvir.
Na semana em que o país toma conhecimento da deterioração ética e moral que cerca o mercado da corrupção; no dia em que a polícia encontra uma dúzia de malas cheias de dinheiro roubado por elemento central na articulação do presidente golpista; o procurador lança mão do diversionismo e encontra respaldo em parte da imprensa brasileira que se transformou em uma fração politica, perdendo inteiramente a isenção.
A justiça e a verdade sempre se impõem. O STF, certamente, fará justiça diante da absoluta falta de provas que atestem qualquer dos ilícitos denunciados pelo PGR.
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