Leia também
Informações veiculadas nesta quinta-feira (1º) revelaram que autoridades da Suíça congelaram quase US$ 5 milhões em ativos em nome de Cunha e de familiares – em declaração de bens protocolada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por ocasião das eleições do ano passado, Cunha informa ser titular de apenas uma conta, no banco Itaú, com R$ 21.652,39 de saldo. O congelamento de bens foi executado depois de autoria feita pelo banco responsável pela guarda desses valores. Esse trabalho resultou em ação criminal aberta no país europeu para apurar a ocorrência de lavagem de dinheiro.
Para Chico Alencar (Psol-RJ), que repetiu no Plenário da Câmara a cobrança por explicações (veja no vídeo abaixo), tratam-se de denúncias que envolvem o interesse público, uma vez que recursos do contribuinte foram subtraídos da Petrobras para, entre outros desmandos, pagar propina a políticos – embora Cunha negue, essa é uma das acusações formuladas contra si pela PGR ao Supremo Tribunal Federal, como resultado de investigações da Operação Lava Jato. O deputado é acusado de ter recebido US$ 5 milhões do esquema de corrupção.
“É uma vergonha para o Parlamento brasileiro ter um presidente tão denunciado”, resumiu Chico, ao lado de deputados como Glauber Braga (Psol-RJ) – um dos principais adversários de Cunha –, Alessandro Molon (Rede-RJ), Ivan Valente (PSOL-SP), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Luiz Couto (PT-PB) e Edmilson Rodrigues (Psol-AP). Em cartazes empunhados pelos deputados lia-se frases como “Cunha não nos representa”. O documento por eles assinado e protocolado reuniu 15 adesões.
Segundo Chico Alencar, porta-voz do grupo, outro requerimento foi encaminhado à PGR pedindo acesso às informações enviadas ao Brasil pela Suíça. Com essa demanda, os deputados querem que Cunha confirme ou negue a titularidade de contas bancárias no país europeu, mas que ao menos se manifeste. Os parlamentares querem também que o presidente da Câmara entregou, como determina a legislação competente, autorização de acesso aos dados de sua declaração de imposto de renda.
Silêncio
PublicidadeCunha tem evitado falar sobre as contas na Suíça, repassando a responsabilidade por comentários ao seu advogado, Antonio Fernando de Souza – que, por sua vez, tem dito que não falará a respeito por não ter tido acesso às investigações do Ministério Público suíço. No vídeo abaixo, enquanto Chico Alencar fala na tribuna, Cunha se mantém indiferente ao discurso em sua cadeira da Mesa Diretora e, com um documento à sua frente, volta-se para o lado oposto ao do colega.
Veja no vídeo abaixo (a partir dos três minutos e 20 segundos):
“Um silêncio cúmplice ou, ‘tô nem aí’, como diz a rapaziada, é incompatível com a responsabilidade dos nossos mandatos públicos.É simples assim. E a pergunta está reiterada: o presidente [da Câmara] Eduardo Cunha tem ou não tem contas na Suíça sob investigação do Ministério Público de lá, como nos comunica o Ministério Público do Brasil. Será que esse assunto vai ficar abafado aqui na Câmara?”, questiona Chico Alencar, ignorado pelo interpelado.
Em março, ao comparecer espontaneamente à CPI da Petrobras, Cunha foi questionado pelo deputado Delegado Waldir Waldir (PSDB-GO) e negou ter contas fora do Brasil. “Estou dizendo para vossa excelência, clara e textualmente: o senhor Fernando Soares [operador do PMDB no esquema descoberto pela Lava Jato] não representa o PMDB e não me representa. Não tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada no meu imposto de renda”, declarou o peemedebista.
Diante dos acontecimentos, Cunha cancelou sua ida à Itália, onde participaria de evento como representante do Parlamento brasileiro. A versão oficial para o cancelamento é a presença do deputado no casamento do senador e correligionário Romero Jucá (PMDB-RR), no próximo sábado (3), em Brasília.
Leia mais:
Suíça investiga Cunha por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro