A votação para prosseguimento ou não da denúncia contra Michel Temer (PMDB) está marcada para o dia 2 de agosto, após o retorno das atividades das Casas Legislativas em Brasília. Enquanto isso, os parlamentares aproveitam o recesso para analisar as possibilidades de mudanças de seus partidos pensando em possíveis punições por desobediência às orientações das siglas na votação.
O partido de Temer e mais três siglas aliadas (PP, PR e PSD) já fecharam questão para votar contra a denúncia. O PSDB, que ameaçou deixar a base do governo pelo menos duas vezes desde a divulgação dos áudios de Joesley Batista, liberou a bancada. O tucano Paulo Abi-Ackel (MG) é o autor do relatório favorável a Temer aprovado na CCJ. Tucanos já avisaram ao Planalto que mais da metade da bancada deve votar pela admissibilidade da denúncia.
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O caso mais claro de desentendimento entre os “rebeldes” e a Executiva partidária é o dos deputados Danilo Forte (CE) e Tereza Cristina (MS). A possibilidade de que os dissidentes pessebistas trocassem de partidos movimentou articulações e causou até mal-estar entre Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Temer se reuniu com ambos após saber que eles estavam sendo cortejados pelo DEM de Maia. O presidente teve de tentar desfazer o clima em dois jantares consecutivos com Rodrigo Maia esta semana.
O porém é a abertura da chamada “janela partidária”, período em que os políticos podem trocar de agremiações. Segundo a reportagem do portal G1, alguns líderes já defendem antecipar esse momento. A próxima janela começa apenas em março do ano que vem. A intenção desses parlamentares é antecipar a possibilidade de trocas para antes do fim de 2017.
Um dos pessebistas dissidentes, Danilo Forte defende que a mudança da janela faça parte da reforma política, algo que o relatório de Vicente Cândido (PT-SP), não prevê. Os líderes do DEM, Efraim Filho (PB), e do PR, José Rocha (PR), já disseram que os partidos apoiam a antecipação da janela.
PSB pode encolher
PublicidadeCom um ministro no governo Temer – cargo que a sigla afirma ser do deputado licenciado Fernando Bezerra Filho (PE), e não do partido – o PSB viu o número de representantes da Câmara crescer na última década e meia. Foram 22 eleitos pela sigla em 2002. Em 2014, quando a ex-ministra Marina Silva foi candidata a presidente República pelo PSB, o partido elegeu 34 deputados. Atualmente são 36 representantes na Casa, o que o coloca como sexto maior da Câmara. Agora, com a fissura exposta após a direção do partido decidir que puniria aqueles que votassem com o governo nas reformas trabalhista e da Previdência, a sigla pode voltar a encolher.
O partido está dividido na Casa após a decisão. Quase metade dos deputados se mantêm como base de Temer, negociando a ida para algum partido aliado. Quem lidera a bancada do PSB na Câmara é Tereza Cristina, a mesma que comanda o time de dissidentes que flerta com PMDB e DEM.
Ao jornal Folha de S.Paulo, o ex-deputado Beto Albuquerque (SP) disse que era até “preferível” ter menos deputados se isso não fizer o partido “passar vergonha”, uma vez que o PSB faz parte da centro-esquerda. “Estar no PSB e flertar com o DEM é uma esquizofrenia”, afirmou.
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