Dois deputados do PMDB do Paraná citados nas investigações da Operação Carne Fraca, Sérgio Souza e Osmar Serraglio, negaram ter qualquer intimidade com o superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, Daniel Gonçalves – apontado pela Polícia Federal como “chefe” da organização criminosa. Outro ponto chama a atenção da estratégia de defesa dos dois parlamentares: eles transferem as responsabilidades para um terceiro integrante da bancada paranaense, o deputado Moacir Micheletto, morto de 2012.
No dia em que estourou a operação policial, Sérgio Souza foi procurado para explicar o comportamento de um ex-assessor do seu gabinete, Ronaldo Troncha, que recebeu a senha de Daniel Gonçalves para acessar o sistema de processo eletrônico da pasta. “Vou dar minha senha pra você. Põe na internet aí: SEI, Ministério, Mapa”, orientou Gonçalves, demonstrando intimidade com o assessor.
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Ao ser procurado, Sérgio Souza estava a caminho do Paraná, mas a sua assessoria já tinha uma resposta pronta. Outro assessor afirmou que Troncha havia deixado o gabinete em agosto do ano anterior. Ele já estava no gabinete quando Souza assumiu o mandato, em fevereiro de 2015. Era um antigo funcionário do ex-deputado Moacir Micheletto, falecido em 2012.
O relatório policial cita que “os diálogos envolvendo o deputado Sérgio Souza referem-se à sua influência política para manter o superintendente Daniel Gonçalves no cargo, não se sabe ainda o motivo”. Mas não apontou o fato como suspeito: “Nada de irregular ou ilegal no diálogo, todos falando abertamente acerca do ocorrido e como tentar reverter o quadro pela via judicial”, diz o documento.
“Surgiu do Micheletto!
“Nesta terça-feira (21), a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), em discurso feito em plenário, afirmou que dois deputados peemedebistas da bancada do Paraná a pressionaram, à época que era ministra da Agricultura, para que Daniel Gonçalves fosse mantido no seu cargo. Ela não citou o nome de Serraglio, mas publicou em perfil oficial do Twitter uma matéria intitulada “Serraglio era protetor do fiscal da ‘Carne Fraca”.
“Esse cidadão que foi nomeado tinha processos administrativos no Ministério. E eu nunca vi, em todo o período em que lá estive, e nunca tive notícias de uma pressão tão forte para não tirar esse bandido de lá”, disse a senadora na tribuna.
Mesmo sem ter sido citado, Serraglio respondeu. Por intermédio de nota divulgada pelo Ministério da Agricultura, o ministro afirmou que a indicação do cargo de responsável pelo ministério no Paraná “passou pelo partido [PMDB]“. A nota acrescentou que o nome de Gonçalves, em 2007, “surgiu do então deputado Moacir Micheletto e foi chancelado pela bancada do PMDB do Paraná e lá permaneceu nos governos Lula e Dilma”.
Em 25 de setembro de 2012, o então presidente em exercício Michel recebeu, em audiência no Palácio do Planalto, o deputados Osmar Serraglio e o então senador Sérgio Souza, em companhia do então presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp. No seu Blog, Serráglio informou, sem maiores detalhes: “Na pauta, assuntos de interesse do Governo na Câmara e no Senado e também de interesse do Estado do Paraná”.
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