Nada de votação de projetos ou medidas provisórias na última semana antes do recesso (18 a 31 de julho) no Senado. A próxima quarta-feira (11) pode ser a última vez em que o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) vai por os pés, como senador eleito para esta legislatura (até 2018), na tribuna do plenário. Em sessão aberta, mas com votação secreta, ele terá 20 minutos para subir ao púlpito e fazer a derradeira defesa das acusações de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro. Com processo de cassação aprovado por unanimidade pelo Conselho de Ética, relatório que recebeu anuência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) quanto aos pressupostos constitucionais e regimentais, Demóstenes terá a difícil tarefa de convencer seus pares de que não mentiu ao negar envolvimento, em discurso proferido no mesmo plenário em 6 de março, com a quadrilha de Cachoeira, seu amigo de anos. Essa é apenas uma das quebras de decoro cometidas pelo senador goiano, segundo os membros do conselho.
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Demóstenes já esvaziou algumas gavetas e retirou alguns quadros que enfeitavam paredes de seu gabinete. Também já dispensou uma série de funcionários, mantendo apenas a assessora de imprensa, a chefe de gabinete, uma secretária e uma auxiliar de serviços gerais. Visivelmente isolado quando entra em cena no plenário, ou em comissões temáticas, o outrora respeitado líder oposicionista age agora como se estivesse se despedindo aos poucos, como demonstram os pronunciamentos diários a que se dispôs a fazer até o julgamento da próxima quarta-feira (11).
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O outrora implacável senador Demóstenes
“Acho que o clima dentro desta Casa é muito desfavorável ao senador Demóstenes”, sinalizou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), na semana que antecedeu o dia do julgamento. Ele recusou-se a falar como votaria, alegando que não pode fazê-lo devido às restrições do posto de comando que ocupa. “Errar é humano. Mas errar duas vezes é burrice”, arrematou o líder do PSDB, Alvaro Dias (PR), referindo-se à sessão de solidariedade em que 44 senadores proferiram loas ao ex-líder oposicionista (leia mais aqui e assista aos apartes de apoio em vídeo), quando este foi à tribuna para se defender pela primeira vez, em 6 de março.
A Mesa Diretora do Senado recebeu na sexta-feira (6) os pareceres da CCJ e do Conselho de Ética. Hoje (segunda, 9), iniciam-se os procedimentos burocráticos para encaminhar a votação, que terá votação secreta. Segundo Sarney, terá presença massiva de parlamentares a sessão crucial para o senador goiano. Na votação aberta, 15 membros do conselho e 22 da CCJ votaram pela perda de mandato de Demóstenes. Para que isso aconteça, a maioria simples (40 mais 1) dos 81 senadores terá de votar pela cassação.
A peça legislativa que pode levar à cassação de Demóstenes é o Projeto de Resolução do Senado 22/2012, elaborado a partir do trabalho de investigação e análise de informações feito pelos colegiados acima mencionados. Confira aqui a íntegra da matéria e suas 15 assinaturas.