“Eu tenho a pretensão de ser prefeito de Goiânia e no PSDB eu não tenho a menor chance de disputar porque já existe um candidato pré-escolhido pelo governador”, disse Waldir, referindo-se ao deputado Giuseppe Vecci (PSDB-GO), que estaria sendo favorecido pelo governador Marconi Perillo.
Na carta encaminhada ao presidente metropolitano do PSDB, Rafael Lousa, o parlamentar lista 22 razões que motivaram a sua decisão de deixar o pleito. Para o deputado, as prévias estariam incorrendo em “vícios” que inviabilizam a disputa, como “voto de cabresto” de filiados que são funcionários estaduais ou municipais em Goiânia e lista desatualizada de aptos a votar.
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Waldir afirma que foi procurado por vários partidos, mas ainda não definiu para qual irá migrar. O deputado promete formalizar a decisão assim que sair a janela partidária, que terá início na próxima quinta-feira (18), quando será promulgada a PEC 113/15. A medida dá aos deputados a permissão para mudar de legenda no prazo de 30 dias.
Leia a íntegra da carta enviada pelo deputado ao diretório do PSDB:
“Ao sr. Rafael Lousa,
PublicidadePresidente do PSDB Metropolitano:
Senhor Presidente,
Atendendo a seu pedido formal, fizemos nossa inscrição nas prévias para escolha do candidato do PSDB a Prefeitura de Goiânia. Porém, de forma condicional. Estamos neste momento, no entanto, fazendo a exposição de motivos, das razões e dos vícios, que nos impedem de continuar participando desse processo de escolha.
Para tal decisão, eis o que foi levado em consideração:
1) Como é de seu conhecimento, nossa pretensão de ser pré-candidato a Prefeitura de Goiânia não é recente. Fizemos o pedido ao governador Marconi Perillo, ainda no início do segundo turno das eleições de 2014, quando ele nos pediu para auxiliá-lo em seu projeto de eleição. E, considerando nossa votação de quase 179 mil votos na capital, sendo o representante de direito e de fato de Goiânia, adquirimos nas urnas o direito dessa pretensão, na época, imediatamente acatada por aquela autoridade;
2) Fomos o único pré-candidato que, desde 2014, já manifestava interesse em disputar esse pleito;
3) Ajudamos o PSDB a construir as zonais, o diretório municipal de Goiânia, o estadual e participamos de debates com todos segmentos;
4) O Jornal O Estado de São Paulo nos elegeu o quarto parlamentar mais oposicionista ao governo federal, dentre os 513 deputados federais;
5) O Prêmio Congresso em Foco, um dos mais importantes do Brasil, nos escolheu o 16º melhor parlamentar do país em 2015;
6) No processo de escolha do Diretório Estadual, em 2015, ocorreu a pretensão dos parlamentares federais de eleger o presidente, mas houve a intervenção do governador, afirmando que, para pretensões majoritárias no partido, para a escolha, havia uma “fila” de antiguidade, na qual, na ordem sequencial, em primeiro, estava o deputado Giuseppe Vecci. Depois vinham Célio Silveira, João Campos, Fábio de Souza, Alexandre Baldy e Delegado Waldir. Então, ocorreu a desistência de candidato da bancada na época, o deputado Baldy, demonstrando, assim, que a escolha das vagas majoritárias no partido é decisão do governador, que escolheu sr. Afrêni Gonçalves;
7) Sempre manifestamos, publicamente, nossa contrariedade pela adoção de critério único na escolha do pré-candidato do PSDB a Prefeitura de Goiânia, conduta antidemocrática, principalmente para um partido que representa a social-democracia;
8) Nunca exigimos do PSDB ser o candidato exclusivo, e sim regras claras para a disputa;
9) O PSDB de Goiás não tem nenhuma experiência em prévias e, desde Nion Albernaz, a escolha de candidato próprio ou apoiado pela sigla foi realizada pelo governador, em razão de seus acordos e pretensões partidárias;
10) O regimento interno do partido torna facultativa a realização de prévias, elas devem ocorrer quando existem igualdade entre os pré candidatos, em estrutura governamental, pesquisas eleitorais qualitativas e quantitativas (em 2015 e 2016, tenho sido o único pré candidato com índices para enfrentar outros eventuais adversários) e espaço na mídia;
11) Com o lançamento de nosso nome como pré-candidato, jornais e blogs que recebem verbas oficiais do Estado, passaram a denegrir minha imagem e ofender minha honra, de minha família e de meus eleitores;
12) Da mesma forma, pela imprensa, o presidente da Agetop, Jayme Rincón, o líder do governo na Assembleia, José Vitti, o presidente de honra, Nion Albernaz, o ex-vereador Maurício Beraldo e o vereador Geovani Antonio – todos filiados ao PSDB – atacaram a nossa honra ou pessoa, como fariam a um oposicionista. Estas pessoas não pagam as contas do partido, todos são bancados por recursos vindos da nossa votação, através do Fundo Partidário, com repasses aproximados de R$ 220.000,00 reais mensais – sem acrescer a contribuição ao Fundo efetuada pelo deputado Fábio Sousa, eleito em razão de nossa votação;
13) Na última semana, o vice-governador, no próprio Palácio, em sua sala, usando telefone e instalações públicas, e como coordenador político do governo, se reuniu com deputados estaduais do PSDB, e também com uma pessoa de nossa confiança, para pedir apoio e compor a chapa majoritária de um dos pré-candidatos inscritos nas prévias, o indicando como escolhido do PSDB para as eleições de 02 de outubro;
14) Antes, em evento recente de aniversário de um dos pré-candidatos, foram utilizados funcionários, prédio e telefones da Fundação de Amparo a Pesquisa (FAPEG), órgão da estrutura de governo estadual, para convidar pessoas. O fato foi noticiado pela imprensa;
15) Nunca ocorreu na história de Goiás tamanha cobertura jornalística de um aniversário, como a realizada sobre esse evento de um dos pré-candidatos, que contou, também, com gigantesca estrutura;
16) Foi indicado para a Comissão Eleitoral um membro suspeito, o sr. ex-vereador Maurício Beraldo, que usou jornais para atacar minha pré-candidatura;
17) Membros da Comissão Eleitoral, durante esse pleito eleitoral, de forma não isenta, participaram desse evento particular (o aniversário) de um dos pré-candidatos;
18) Não foi acatado nosso pedido de adiamento de inscrição nas prévias, como estabelecido pelo diretório estadual, que previa prazo até 11/02 para inscrição nas prévias. Fato esse que evitaria desgastes e nossa inscrição condicional;
19) A lista de filiados aptos a votar nas prévias, fornecida pela presidência do PSDB aos pré-candidatos, apresenta vícios – como homônimos – é desatualizada, sem dados completos;
20) Nesta mesma lista, de aproximadamente 9.500 filiados, 2079 são funcionários estaduais, municipais, da Câmara de Goiânia e da Assembleia, caracterizando indícios de “voto de cabresto”;
21) Um dos pré-candidatos inscritos nas prévias já ocupou a presidência do Diretório Municipal, portanto, tendo possibilitado influência e controle de grande parte dos filiados;
22) Ocorreu, antes mesmo das prévias, o “lançamento” de pelo menos dois pré-candidatos, um deles já afastado depois da Operação Compadrio, com o apoio maciço do governo e do PSDB, caracterizado por grande exposição nos meios de comunicação – com páginas inteiras de jornais e sites conhecidos por receberem verbas oficiais do governo do Estado.
Isto posto, considerando os vícios apontados, suspendemos a condicionalidade de nossa inscrição nas prévias para escolha do pré candidato do PSDB de Goiânia, nos afastando, de forma irreversível.
Esclarecemos que temos um dossiê de documentos, com um levantamento feito junto a veículos de imprensa e pesquisas em Portais de Transparência, que comprovam, amplamente, as irregularidades apontadas.
Goiânia, 12 de fevereiro de 2016.
Delegado Waldir
Deputado Federal (PSDB-GO)”
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