Um dos 12 governadores na mira da Operação Lava Jato após a divulgação da lista do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), o capixaba Paulo Hartung (PMDB) é acusado de ter recebido mais de R$ 1 milhão em propina, via caixa dois de campanha, de recursos desviados de contratos com a Petrobras. Ex-diretor da Odebrecht Infraestrutura, o delator Benedicto Barbosa da Silva Júnior, chefe do chamado “departamento da propina” da empreiteira, disse ter autorizado o pagamento ao governador do Espírito Santo em quatro parcelas de R$ 250 mil.
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“Em 2010, eu fui procurado pelo governador Paulo Hartung com um pedido de ajuda para a campanha. Na época, ele estava encerrando o mandato dele e não ia concorrer a nenhum cargo, mas tinha um grupo político em torno dele. Ele me pediu uma doação – era uma relação pessoal minha com ele; era uma pessoa que eu conhecia do Senado, era uma relação muito saudável. [inaudível] eu ir me preparando para pagar um milhã de reais para a campanha dos candidatos que o PMDB ia apoiar em 2010”, relatou Benedicto, um dos principais delatores do esquema justamente por ter controlado o departamento de propina (ou “sistema de operações estruturadas”, o nome formal do setor).
No vídeo abaixo, com pouco mais de dez minutos, o ex-diretor detalha as tratativas para que o repasses fossem efetuados. “[…] fizemos quatro pagamentos de 250 mil reais cada um. Foram feitos no Rio de Janeiro, em hotéis do Rio de Janeiro, em espécie, provenientes do sistema de operações estruturadas da Odebrecht. […] O primeiro ilícito em relação ao doutor Paulo Hartung foi esse”, acrescentou o delator.
Assista à íntegra do depoimento:
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Segundo a decisão do ministro Fachin relativo a Hartung, “os repasses somariam R$ 1.080.000,00 (um milhão e oitenta mil reais), parcelados nos meses de setembro de 2010 e setembro de 2012, estando o relato acompanhado de documentos que, em tese, comprovariam esses pagamento”.
Hartung chamou a denúncia de “disparate” e, em entrevista à TV Gazeta, do Espírito Santo, negou as irregularidades, dizendo-se “indignado”. “Estou indignado. Essa delação em relação à minha pessoa não é uma delação; é um delírio. Não tem outra forma de caracterizar. Os capixabas sabem onde eu estava em 2010 – e a citação é de 2010 e 2012. Em 2010, eu estava terminando um governo, o governo mais bem avaliado desse país. Eu não fiz essa organização de campanha eleitoral”, declarou o governador.