Dono da Setal Engenharia e um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, o empresário Augusto Ribeiro de Mendonça Neto entregou notas fiscais e contratos que, segundo ele, comprovam o pagamento de propina ao ex-diretor da estatal Renato Duque. Augusto admitiu aos investigadores da Operação Lava Jato ter simulado seis contratos de prestação de serviços com empresas de fachada para pagar propina ao Duque, apontado nas investigações como operador do PT no esquema.
De acordo com os jornais O Estado de S.Paulo e O Globo, as notas fiscais entregues à polícia somam cerca de R$ 40 milhões e se referem a falsas consultorias prestadas, entre 2009 e 2012, pelas empresas Power To Tem Engenharia, Legend Engenheiros Associados, Rock Star Marketing, SM Terraplanagem e Soterra Terraplanagem. Essas firmas, de acordo com a Polícia Federal, também foram usadas para desviar recursos públicos no esquema protagonizado pela empreiteira Delta, do empresário Fernando Cavendish, investigado na CPI do Cachoeira em 2012.
Doações eleitorais
De acordo com o Estadão, Augusto Ribeiro também apresentou comprovantes de contribuições feitas pelas empresas Setec Tecnologia, PEM Engenharia e SOG Óleo e Gás, todas do grupo Toyo Setal, a partidos políticos. Ele contou ter repassado R$ 4 milhões ao PT entre 2008 e 2011 após sua empresa ter obtido contratos para a execução de obras na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). Os repasses, de acordo com o delator, foram solicitados por Renato Duque.
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Segundo o jornal paulista, há registros de doações oficiais das três empresas, no valor de R$ 3,4 milhões, para as campanhas eleitorais de 2008, 2010 e 2012. Desse total, R$ 2 milhões foram destinados ao PT no ano da primeira eleição da presidente Dilma.
A defesa de Duque informa que o ex-diretor da Petrobras “refuta o recebimento de propinas, bem como qualquer interferência em doações de campanhas feitas por empresas a partidos políticos ou políticos”, diz o Estadão.
PublicidadeEm liberdade
Preso entre 14 de novembro e 3 de dezembro, Renato Duque está solto graças a liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato na corte. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defende a volta de Duque à prisão. Segundo o procurador, há indícios de que o ex-diretor e outros réus do petrolão mantêm contas no exterior, o que facilitaria uma eventual fuga do país.
Subordinado a Duque na Diretoria de Serviços, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco fez acordo de delação premiada, pelo qual se comprometeu a devolver US$ 97 milhões que admitiu ter recebido em propina durante 18 anos.
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