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Por meio de nota (leia íntegra abaixo), Machado reiterou o que disse sobre Temer e Chalita a investigadores do esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras. “O vice-presidente e todos os políticos citados sabiam que a solicitação seria repassada a um fornecedor da Transpetro, através de minha influência direta. Não fosse isso, ele teria procurado diretamente a empresa doadora”, registra o delator, mantido pelo PMDB por cerca de 12 anos à frente da subsidiária da Petrobras.
Em trecho da delação premiada, investigadores registram que o contexto da demanda sobre Chalita “deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente [Sérgio Machado] era que este solicitava recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro”. “Após esta conversa mantive contato com a empresa Queiroz Galvão, que tinha contratos com a Transpetro, e viabilizei uma doação de R$ 1,5 milhão feita ao diretório nacional do PMDB; o diretório repassou os recursos diretamente à campanha de Chalita. A doação oficial pode ser facilmente comprovada por meio da prestação de contas da campanha do PMDB”, diz outro trecho da nota.
No início do vídeo abaixo (a partir de 2:40), Machado diz que, desde 1946, o “esquema” de financiamento para campanhas eleitorais protagonizado por políticos no poder funciona por meio de recursos ilícitos. “Você tem os políticos que indicam as pessoas para os cargos; do outro lado, empresas que querem pegar projetos e ganhar mais vantagens; e, no meio, a pessoa que está administrando [o esquema]. Tem duas posturas bastante claras: uma, a de defender as empresas estatais, em primeiro lugar; e atender às necessidades daqueles que te ajudaram, te nomearam, te colocaram no cargo. E você, através de recursos ilícitos, sustentar a base política deles”, relata o ex-presidente da Transpetro.
Ontem (quarta, 15), também por meio de nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República já havia se manifestado para negar a versão de que Temer pediu dinheiro ilícito para financiar a campanha de Chalita. No documento, o presidente interino diz que “mantinha relacionamento apenas formal, sem nenhuma proximidade” com Sérgio Machado.
A delação do agora desafeto dos caciques peemedebistas levou à queda do terceiro ministro do governo Temer, Henrique Eduardo Alves (Turismo). O também ex-presidente da Câmara estava no cargo desde abril de 2015, com cerca de um mês de intervalo à época da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff pelos deputados, em 17 de abril, quando dias antes ele deixou o governo petista.
Assista a trecho de delação de Sérgio Machado:
Leia a íntegra da nota:
“1) Quando se faz acordo de colaboração assume-se o compromisso de falar a verdade e não se pode omitir nenhum fato; falo aqui sob esse compromisso;
2) Em setembro 2012 fui procurado pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), presidente em exercício do partido, com uma demanda do então vice-presidente da República, Michel Temer: um pedido de ajuda para o candidato do PMDB a prefeito de São Paulo, Gabriel Chalita, porque a campanha estava em dificuldades financeiras;
3) Naquele mesmo mês, estive na Base Aérea de Brasília com Michel Temer, que embarcava para São Paulo. Nos reunimos numa sala reservada;
4) Na conversa, o vice-presidente Michel Temer solicitou doação para a campanha eleitoral de Chalita;
5) O vice-presidente e todos os políticos citados sabiam que a solicitação seria repassada a um fornecedor da Transpetro, através de minha influência direta. Não fosse isso, ele teria procurado diretamente a empresa doadora;
6) Após esta conversa mantive contato com a empresa Queiroz Galvão, que tinha contratos com a Transpetro, e viabilizei uma doação de R$ 1,5 milhão feita ao diretório nacional do PMDB; o diretório repassou os recursos diretamente à campanha de Chalita. A doação oficial pode ser facilmente comprovada por meio da prestação de contas da campanha do PMDB;
7) É fato que nunca estive com Chalita”