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Cumprindo regime especial semiaberto na Lava Jato, o senador teve delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal na última terça-feira (15). Delcídio concedeu entrevista à revista e ao Jornal Nacional, na edição deste sábado, e afirmou que “tanto Lula quanto Dilma tinham pleno conhecimento da corrupção na Petrobras e, juntos, tramaram para sabotar as investigações [da Operação Lava Jato], inclusive vazando informações sigilosas para os investigados”.
“A Dilma herdou e se beneficiou diretamente do esquema, que financiou as campanhas eleitorais dela. A Dilma também sabia de tudo. A diferença é que ela fingia não ter nada a ver com o caso. […] O Lula tinha a certeza de que a Dilma e o José Eduardo Cardozo [ex-ministro da Justiça, atual advogado-geral da União] tinham um acordo cujo objetivo era blindá-la contra as investigações. A condenação dele seria a redenção dela, que poderia, então, posar de defensora intransigente do combate à corrupção”, diz trecho da entrevista à Veja.
Para o Planalto, Delcídio repete “inverdades e absurdos declarados na sua delação premiada” e “volta a fazer ataques mentirosos e sem qualquer base de realidade contra o governo da presidenta Dilma Rousseff”. “Inventa estórias mirabolantes, busca vitimizar-se e atribui a outros condutas ilícitas e imorais de sua exclusiva autoria”, acrescenta a Presidência da República, que já determinou providências judiciais contra o senador “por todas as suas declarações caluniosas e difamatórias”.
“As afirmações do sr. Delcídio do Amaral pretendem lançar uma suspeita indevida sobre nossas cortes de Justiça – STF e STJ [Superior Tribunal de Justiça] –, que merece pronto e vigoroso repúdio. Aliás, o próprio senador, no áudio que ensejou sua prisão, já tinha mentido sobre conversas que teria mantido com ministros da nossa Suprema Corte, como mais tarde ele próprio depois veio a reconhecer. Mente outra vez, como parece ser a sua prática reiterada”, registra ainda o documento.
Já o Instituto Lula, que emitiu duas notas (íntegras abaixo), defende-se das acusações de Delcídio e também nega que resolveu aceitar a chefia da Casa Civil – nomeação por enquanto barrada pelo STF – para ajudar na gestão de sua sucessora. “O Instituto Lula não vai comentar acusações sem fundamento de pessoa que está envolvida numa barganha com a Justiça e o Ministério Público, para obter redução de pena e benefícios financeiros”, diz uma das notas do Instituto Lula.
PublicidadeLeia as íntegras:
“NOTA DO INSTITUTO LULA 1
1) O ex-presidente Lula reafirma o compromisso de contribuir com a presidenta Dilma Rousseff, de todas as formas possíveis, para que o Brasil volte a crescer e gerar empregos, num ambiente de paz, estabilidade e confiança no futuro.
2) A violação de conversas do ex-presidente Lula, que nada têm a ver com as investigações da Petrobras, é uma afronta ao Artigo 5o. Constituição. Lula não disse nada ilegal ou imoral. A divulgação desses grampos, fomentando intrigas e preconceitos, serve apenas para tumultuar os processos judiciais e o ambiente político.
3) Em relação às ações do PSDB e do PPS no Supremo Tribunal Federal, para impedir que Lula ajude a presidenta Dilma a governar o país, o ex-presidente reafirma: ‘Justiça, simplesmente justiça, é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do estado de direito democrático’.”
“NOTA DO INSTITUTO LULA 2
O Instituto Lula não vai comentar acusações sem fundamento de pessoa que está envolvida numa barganha com a Justiça e o Ministério Público, para obter redução de pena e benefícios financeiros.
Em respeito à opinião pública, recordamos que, no depoimento que prestou à Polícia Federal em 16 de dezembro do ano passado, o ex-presidente Lula esclareceu oficialmente que nem ele, nem os órgãos de fiscalização e controle e nem mesmo a imprensa brasileira tinham conhecimento dos desvios ocorridos na Petrobras investigados pela Operação Lava Jato.
O ex-presidente Lula não deve, não teme e não tem nada a esconder da Justiça e da sociedade brasileira.”
Leia a íntegra da nota da Presidência da República:
“Tendo em vista a entrevista do Sr. Delcídio do Amaral à Revista Veja, cumpre esclarecer que:
1 – Repetindo as inverdades e absurdos declarados na sua delação premiada, o Sr. Delcídio do Amaral volta novamente a fazer ataques mentirosos e sem qualquer base de realidade contra o governo da Presidenta Dilma Rousseff. Segue, assim, sua estratégia de vingança contra todos os que não agiram para evitar que fosse mantido preso pela revelação de que tentava obstruir investigações que poderiam prejudicá-lo. Inventa estórias mirabolantes, busca vitimizar-se e atribui a outros condutas ilícitas e imorais da sua exclusiva autoria.
2 – O governo reafirma que nunca interferiu nas investigacões da operação Lava-Jato e nem criou obstáculos a seu livre desenvolvimento. Do mesmo modo, nunca interferiu em decisões do Poder Judiciário. As afirmações do Sr. Delcídio do Amaral pretendem lançar uma suspeita indevida sobre nossas Cortes de Justiça – STF e STJ – que merece pronto e vigoroso repúdio. Aliás, o próprio Senador, no áudio que ensejou a sua prisão, já tinha mentido sobre conversas que teria mantido com ministros da nossa Suprema Corte, como mais tarde ele próprio depois veio a reconhecer. Mente outra vez, como parece ser a sua prática reiterada.
3 – A Presidenta Dilma Rousseff determinou que sejam tomadas todas as medidas judiciais cabíveis contra o Sr. Delcídio do Amaral, para que ele seja responsabilizado, na forma da lei, por todas as suas declarações caluniosas e difamatórias.
Secretaria de Imprensa/SECOM
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República”