O líder do Partido da República, Aelton Freitas (MG), atendeu a uma ordem de Cunha e substituiu dois titulares da Comissão de Constituição e Justiça que tinham revelado voto contra a aprovação da mudança no regimento que favorece Cunha. Sem qualquer aviso prévio, na manhã desta quarta-feira o líder do PR substituiu os deputados Jorginho Mello (SC) e Paulo Feijó (RJ) na CCJ. Os dois foram trocados, respectivamente, por Laerte Bessa (PR-DF) e Wellington Roberto (PR-PB), dois conhecidos defensores de Cunha.
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Bessa e Wellington, suplentes na CCJ, recebem ordens de Cunha. E já declararam apoio à mudança no regimento que favorece o presidente afastado. A dupla de parlamentares também faz parte do Conselho de Ética, onde frequentemente se envolvem com bate boca, xingamentos e ameaças nas discussões no colegiado para defender o peemedebista.
No Conselho de ética, Cunha determinou a substituição de 14 deputados para tentar se beneficiar. Cunha também encontrou até um dos seus liderados, João Carlos Bacelar (PSD-BA), que apresentou relatório alternativo que substitui o pedido de cassação feito pelo relator do caso no Conselho de Ética por suspensão do mandato por três meses.
Protestos
Os deputados Jorginho Mello e Feijó denunciaram a manobra. Mas nada podem fazer porque o regimento da Câmara prevê que o líder pode substituir os membros da bancada em qualquer comissão permanente a qualquer tempo. Mesmo sem combinar com os colegas. “A minha substituição foi uma vergonha. Serve apenas para tentar beneficiar o deputado Eduardo Cunha e livrá-lo de punição”, disse Mello (veja o depoimento feito em vídeo para o Congresso em Foco). O deputado Paulo Feijó também denunciou a manobra.
PublicidadeVeja o vídeo abaixo:
Deputados de outros partidos também estranharam a troca de membros da CCJ. “Nunca vi uma situação como essa. Há algo lá e nós sabemos o que é e cheira mal”, disse o deputado Experidião Amin (PP-SC). O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) também protestou. “O plenário tem que decidir de forma soberana”, disse. Em discurso no plenário, o deputado Julio Delgado (PSB-MG) previu a desmoralização da Câmara se esta manobra for feita.
A consulta à CCJ sobre a mudança o regimento foi feita pelo presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), e o relator escolhido foi Arthur Lyra (PSC-AL). Os dois são aliados de Cunha e seguem suas ordens. O presidente da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR), também aliado de Cunha e indicado por ele para o cargo, facilitou a apresentação da consulta e nomeou Lyra, escolhido pelo presidente suspenso, como relator.
A elaboração do parecer prevendo a mudança no regimento da Câmara e apresentado por Lyra foi elaborado no gabinete da liderança do Solidariedade, partido dirigido por Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), e um dos generais de Cunha na Casa. A reunião da CCJ foi suspensa e não há outra reunião prevista. A cassação ou não de Eduardo Cunha passou a ser, cinco meses depois, em dois colegiados da Câmara. No conselho de ética, Cunha determinou a substituição de 14 deputados para tentar se beneficiar.
Nesta terça-feira (07) Cunha determinou que a deputada Tia Eron (PR-BA), se ausentasse do Conselho de Ética para que o depurado Carlos Marun (PMDB-ES) a substituísse e tentasse aprovar punição mais branda a Cunha no colegiado. Além de Cunha, a deputada foi orientada a desaparecer do conselho pelo presidente do PR, Marcos Pereira, que também é ministro do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior.
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