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Nesta quinta, devem ocorrer os depoimentos do delegado Matheus Mella Rodrigues e dos procuradores da República Daniel de Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, responsáveis pela investigação da operação Monte Carlo. A sessão será fechada, assim como foi do delegado Raul Alexandre Marques Sousa, responsável pela Operação Vegas, considerada um embrião da Monte Carlo. Foi na primeira operação que os policiais encontraram indícios de envolvimento de políticos com Cachoeira.
Anteontem (8), o delegado informou aos integrantes da CPMI que a Vegas ficou inconclusa e que, desde 2009, não teve resposta do Ministério Público Federal. Quando começaram a aparecer os primeiros indícios de envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO) com o bicheiro, os investigadores remeteram o processo ao MPF. Caberia ao procurador-geral da República abrir um inquérito para investigá-lo. No entanto, isso não aconteceu.
Gurgel, de acordo com o delegado Raul, enviou a documentação para sua mulher, a subprocuradora Cláudia Sampaio. Porém, após receber os autos, ela não se pronunciou. Não mandou arquivar nem prosseguir com a investigação. Assim, pode-se inferir que o atraso teria sido dela, e não de Gurgel. “A convocação da Cláudia vai depender do que disserem os procuradores. Se eles derem bons motivos para a investigação não ter continuado, a situação de Gurgel e dela melhoram”, avaliou o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR).
O pedido de convocação pode partir do próprio PSDB, de acordo com o deputado tucano. A convocação de Cláudia resolveria alguns problemas formais que poderiam ocorrer com Roberto Gurgel. Primeiro, há uma discussão sobre se a CPI teria poder para convocá-lo ou só apenas para convidá-lo (um convite que ele pode recusar). No caso de Cláudia, não há dúvida: a CPI pode convocá-la. O segundo problema é que a convocação poderia tornar Gurgel impedido de conduzir os inquéritos relacionados ao caso. O terceiro problema é mais complexo: a exposição de Gurgel às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Em tese, não sendo ele convocado, ficaria mais preservado. Mas a convocação de Cláudia poderia, da mesma forma, gerar o que alguns parlamentares de oposição estão chamando de “tese do fruto proibido”: o fato de Eva ter dado a maçã a Adão não diminuiu a sua responsabilidade pelo pecado original. “Depois da reunião, vamos nos reunir para decidir o que fazer”, informou Francischini.
A discussão na oposição de alternativas para apurar a possível leniência da Procuradoria Geral da República na apuração do envolvimento de Demóstenes surgiu após o depoimento do delegado responsável pela Operação Vegas. Raul disse aos parlamentares que de 2009 até a deflagração da Operação Monte Carlo, simplesmente não houve resposta da Procuradoria Geral da República sobre o caso do senador goiano. Segundo o policial federal, nem decisão sobre quebra de sigilo bancário houve.
Mensalão
Acuado, Gurgel ontem (9) voltou a disparar contra seus acusadores. Disse que são pessoas que “morrem de medo do julgamento do mensalão”. “É compreensível que algumas pessoas ligadas a mensaleiros tenham essa postura de querer atacar o procurador-geral. São pessoas que, na verdade, aparentemente, estão muito pouco preocupadas com a questão do desvio de recursos e a corrupção”, disse Gurgel, no intervalo da sessão desta tarde no STF, de acordo com a Agência Brasil.
Para o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), o procurador-geral deveria se explicar “perante à sociedade” e não “fazer política”. “Ele precisa se explicar porque se comportou dessa forma. É uma postura desqualificada do Gurgel”, disparou. Vaccarezza, porém, não defendeu a convocação de Gurgel na CPI agora. “Seria muito cedo para isso”, avaliou. Ele garantiu que a bancada petista não debate no momento a convocação de Gurgel.
“O foco da CPI é investigar uma organização criminosa e seus desdobramentos. Se ficar comprovado que Gurgel tem envolvimento com esta organização criminosa, vamos investiga-lo”, afirmou. Segundo Vaccarezza, a possibilidade maior, neste momento, é de o partido fazer uma representação pedindo a investigação de Gurgel pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
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