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Segundo matéria assinada pela repórter Andréia Sadi, a ofensiva sobre Janot é decorrente de sua reação à tentativa de seis políticos em inviabilizar inquéritos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) – entre eles o próprio Cunha. Na última segunda-feira (4), Janot rechaçou a defesa de arquivamento feita pelo deputado para seu processo, sob o argumento de que supostas fraudes no sistema de informática da Câmara prejudicaram sua defesa. Janot classificou a justificativa como “despropositada”, convencendo o ministro-relator do caso no STF, Teori Zavascki, a não trancar o inquérito, contrariando a defesa de Cunha.
Nos últimos dias, Cunha tem repetido publicamente que Janot escolhe quem deve ser investigado, e o acusou de perseguição. O deputado diz que Janot tem “querela pessoal” contra ele. “Ele escolheu a mim e está insistindo na querela pessoal porque eu o contestei. Virou um problema pessoal dele comigo”, afirmou Cunha.
Mas, se há quem queira constranger Janot na CPI, também há quem se sinta constrangido apenas pela cogitação da possibilidade. Integrante da comissão, Eliziane Gama (PPS-MA) se disse indignada com a ideia, que não teria “a mínima razoabilidade” – ela lembrou que nem ele nem os ministros do Supremo Tribunal Federal e o presidente da República podem ser convocados por CPIs.
“Será a maior desmoralização pela qual passará a CPI e o próprio Parlamento, se agir no sentido de tentar coagir o trabalho do procurador-geral. Caso a comissão insista em convocar, vamos pedir ao Supremo Tribunal Federal que declare inócuo o objeto desta proposta absurda. O procurador é o autor de vários pedidos de investigação, no âmbito da Operação Lava Jato, contra diversas figuras do meio político. Só podemos acreditar que há um revanchismo em curso, a partir desta iniciativa de alguns na CPI”, reclamou a deputada, questionando a real motivação da iniciativa. “Qual a suspeita que paira sobre Janot na questão da Petrobras? Porque o objeto da CPI são as irregularidades cometidas na estatal.”
Sigilos
PublicidadeSegundo a Folha, a mobilização para levar Cunha à CPI foi encabeçada por Cunha e pelo presidente do colegiado, Hugo Motta (PMDB-PB), além do deputado Paulinho da Força (SDD-SP). Líder da Força Sindical, o parlamentar paulista já avisou que pedirá, na próxima sessão da comissão, que seja aprovado requerimento de sua autoria quebrando os sigilos telefônico e telemático de Janot. A intenção é manifestada por Paulinho desde março.
Instado a falar sobre o assunto, Cunha desconversou. “Eu não faço parte, não sou membro da CPI”, resumiu o deputado.