O artigo 218 da Constituição Federal determina que a pesquisa científica deve receber tratamento prioritário do Estado. “Esse ordenamento legal não está sendo respeitado. Reduzir os recursos para o setor da forma que fizeram não é cumprir isso”, denuncia o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira.
Segundo ele, a pandemia do coronavírus revela as fragilidades do país na sua capacidade própria de enfrentar a crise. “Dependemos muito de importação, como de respiradouros e fármacos.”
Moreira afirma ser urgente recuperar os recursos perdidos do setor desde 2015. Ele aponta a China como exemplo. “Em 1995, a China tinha o PIB semelhante ao do Brasil. Hoje lidera a economia mundial com os EUA, porque investiu em ciência e tecnologia.”
Observatório da Democracia
O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira, e outras referências importantes do setor científico no país participaram do debate “O Valor da Ciência, da Tecnologia e da Inovação como política de Estado”, que faz parte do Ciclo Diálogos, Vida e Democracia, uma série de videoconferências promovidas pelo Observatório da Democracia.
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Moreira frisou que a SBPC é apartidária, mas não é apolítica. Alertou para o quadro gravíssimo que o Brasil vive por conta da pandemia. “Não é hora para o desmonte da ciência brasileira. Temos de fortalecer as instituições científicas para preservação das vidas humanas, do meio ambiente. Precisamos ajudar as camadas sociais mais vulneráveis, fortalecer o SUS e todos os profissionais de saúde.”
O evento foi coordenado por Alexandre Navarro, que é vice-presidente da Fundação João Mangabeira e ex-secretário nacional de Ciência e Tecnologia (C&T). Ele também alertou para situação “gravíssima do setor diante da falta de recursos”. “O orçamento para fomento à pesquisa em 2021 está praticamente zerado. Como fazer pesquisa sem insumos, sem laboratórios funcionando?”.
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