O Congresso vive neste momento a expectativa quanto ao discurso prometido pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) para esta terça-feira (4), quando volta ao exercício do mandato depois de ter sido afastado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) entre 18 de maio e a última sexta-feira (30), quando recebeu decisão favorável do ministro Marco Aurélio Mello no último dia antes do recesso do Judiciário. A volta do tucano divide os holofotes do noticiário no mesmo dia em que o Senado votará um pedido de urgência para a votação da reforma trabalhista e o PMDB prepara a escolha do substituto de Renan Calheiros (PMDB-AL) na liderança de sua bancada.
Os áudios que levaram ao afastamento de Aécio; transcrição detalha pagamento de R$ 2 milhões
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PublicidadeO senador chegou ao Senado no início da tarde desta terça-feira (4), e preferiu não comentar sua situação com a imprensa. Neste momento, o tucano está reunido com seus companheiros de bancada no gabinete de Jereissati, de onde deve sair para fazer discurso em plenário nas próximas horas. Ainda não há definição quanto ao horário do pronunciamento.
Gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS e delator da Operação Lava Jato, Aécio foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva e obstrução de Justiça. Os relatos de que integrava esquema de corrupção levaram ao afastamento do senador também da presidência nacional do PSDB, posto ora ocupado pelo senador Tasso Jereissati (CE). O senador nega irregularidades e diz que o dinheiro serviria para bancar sua defesa na Lava Jato. Mesmo afastado do mandato, Aécio recebeu quase R$ 20 mil em junho, como este site mostrou ontem (segunda, 3).
As denúncias envolvendo o senador levaram à prisão, em um primeiro momento, de sua irmã, Andrea Neves, e de um primo, Frederico Pacheco de Medeiros, ambos já em prisão domiciliar. Devido à delação premiada de Joesley e executivos da JBS, o tucano é também alvo de processo de cassação no Conselho de Ética do Senado.
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Como o caso JBS também atinge o presidente Michel Temer (PMDB), igualmente denunciado por corrupção passiva, tucanos e peemedebistas avaliam que a queda de um seria a derrubada do outro, uma vez que o PSDB representa a principal pela de sustentação de Temer no Congresso. Nesse sentido, o PMDB garantiria votos contra o processo por quebra de decoro, com a contrapartida de que o PSDB ajude a combater a denúncia em análise na Câmara contra o cacique peemedebista. Aécio é visto como um dos principais articuladores da manutenção da aliança dos tucanos com o governo.
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