Um surto de febre amarela, doença transmitida em áreas urbanas pelo mosquito Aedes aegypti – o mesmo da dengue e do zika vírus –, tem causado pânico entre a população brasileira, em especial na região Sudeste. Desde dezembro do ano passado, o estado de São Paulo já registrou 58 casos da doença, 28 deles letais. O número supera o total de casos dos primeiros 11 meses de 2017, que foram 53, com 16 mortes contabilizadas. Minas Gerais e Rio de Janeiro também estão em alerta. Entre julho do ano passado e janeiro deste ano, 25 pessoas morreram vítimas da doença em Minas. No Rio, já são 15 casos até agora, com 7 mortes registradas em 2018.
Até o momento, o Distrito Federal se encontra fora da área de maior risco. São 12 os casos de suspeita de febre amarela investigados pela Secretaria de Saúde (SES-DF) na capital. Um deles é a morte do vigilante Erondes Osmar Silva, de 58 anos, no começo do mês. A suspeita de contaminação pelo vírus, no entanto, ainda não foi confirmada. Em 2017, foram investigados 86 casos suspeitos de febre amarela no DF. Segundo informações da pasta, 83 deles foram descartados. Outros 3 foram confirmados, evoluindo para óbito. Dentre esses, apenas um foi autóctone, ou seja, contraído dentro do Distrito Federal.
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Em nota, a Secretária de Saúde reiterou que não há surto da doença no Distrito Federal. Informou ainda que, de janeiro a novembro de 2017, foram aplicadas mais de 207 mil doses da vacina contra febre amarela, o que contribuiu para um alcance de cobertura vacinal de 85% da população da capital. Já os dados de dezembro do ano passado e de janeiro deste ano, de acordo com o órgão, ainda estão sendo compilados. Na última quarta-feira (24), a pasta recebeu mais 20 mil doses do medicamento.
“Todas as salas de vacina do DF estão abastecidas. As vacinas são enviadas aos estados e municípios pelo Ministério da Saúde. Caso esgotem as vacinas, o Ministério da Saúde fará a reposição”, afirmou a Secretaria.
A pasta esclareceu ainda que precisam ser imunizadas crianças a partir dos nove meses e adultos de até 59 anos. O paciente que já tiver tomado uma dose da vacina ao longo da vida não precisa de reforço, de acordo com orientação do Ministério da Saúde. Para quem ainda não é vacinado, basta procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
PublicidadeRisco de surto
Procurada pelo Congresso em Foco, a diretora da Vigilância Epidemiológica do DF, Maria Beatriz Ruy, explicou que o risco de um surto de febre amarela no Distrito Federal é baixo. “A gente estima que quase 90% da população já esteja imunizada contra a doença. A possibilidade de um surto acontecer aqui é muito pequena. Há possibilidade de a gente ter casos, mas um surto, com muitos casos, não”, avaliou.
Ela ressaltou, no entanto, que mesmo pessoas que já foram vacinadas podem, eventualmente, contrair a doença. Mas a incidência desses casos é rara.
“Nenhuma vacina é 100%. Nem a da febre amarela, nem para nenhum outro agravo que a gente tenha. O que acontece é que essas pessoas, mesmo vacinadas, podem estar entre esses 1% a 4% da população que pode vir a ficar doente, a desenvolver a doença. O que não quer dizer que a vacina não seja boa. Depende de caso a caso”, apontou.
“Tem caso, por exemplo, que a gente não vai ficar nem sabendo, do tipo: a pessoa tomou vacina, ficou com um quadro febril, gripal, e achou que estava gripada. Tem essa possibilidade. Ela pode ter tido febre amarela sem saber. Ela não é letal, por a pessoa ter tomado a vacina ou ter desenvolvido um quadro leve da doença”, acrescentou.
Demanda pela vacina
A diretora da Vigilância Epidemiológica do DF também reconheceu o crescimento da demanda pela vacina na capital, mas atribuiu a procura ao pânico causado pela febre amarela no Sudeste.
“Com a situação de São Paulo, Minas e Rio, tem tido um aumento da procura pelo serviço, de solicitação de doses, inclusive. Mas muita gente está procurando o serviço e já está vacinado. Acontece muito das pessoas quererem se revacinar. Não há necessidade de revacinação. Se a pessoa tomou uma dose, ela não precisa tomar de novo, mesmo que vá viajar”, disse.
Maria Beatriz Ruy lembrou ainda que gestantes, mulheres que estão amamentando crianças de até seis meses, crianças menores de nove meses, pessoas alérgicas a ovo e maiores de 60 anos só devem se vacinar mediante avaliação médica.
Memória
Segundo dados da Secretaria de Saúde, o surto mais grave de febre amarela no Distrito Federal ocorreu no ano 2000, quando 40 pessoas foram diagnosticadas com a doença. Em 2008, 13 casos foram registrados. Durante os 7 anos seguintes, não houve contaminação pela doença na capital federal. Os casos voltaram a ser contabilizados em 2015: foram 3, sendo que 2 dos pacientes acabaram morrendo.
Entre os sintomas da doença, que duram em média três dias, estão dores no corpo, mal-estar, náuseas, vômitos e febre. Em alguns pacientes, o vírus da febre amarela pode atacar o fígado. São as complicações hepáticas que podem levar os pacientes a apresentarem com uma coloração amarelada na pele, o que originou o nome da doença.
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