O país ganhou 12 novos bilionários em 2017, sendo que cinco deles têm riqueza igual à metade da população brasileira mais pobre. Os dados revelados fazem parte do relatório”Recompensem o trabalho, não a riqueza”, da organização não governamental (ONG) britânica Oxfam, divulgado nesta segunda-feira (22). A entidade participa do Fórum Econômico Mundial, que começa amanhã (23) em Davos, na Suíça.
Ao todo, o país acumula 43 ultrarricos. O Brasil foi apontado no estudo como um dos mais desiguais do mundo. Em 2017, em todo o mundo, o relatório aponta que 233 pessoas entraram para o time dos bilionários, onde já havia 1.810 ultrarricos. Com esses dados, o documento destaca que houve um aumento histórico no número de bilionários no ano passado: um a mais a cada dois dias.
Segundo a Oxfam, esse aumento seria suficiente para acabar sete vezes com a pobreza extrema no planeta. Atualmente há 2.043 bilionários no mundo. Desse número, a disparidade de gênero também é destacada no material, já que nove em cada dez são homens. Desse total de bilionários, 43 são brasileiros. O estudo revela que aproximadamente um terço das fortunas dos bilionários do mundo deriva de heranças ou relações entre empresários e governos.
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De toda a riqueza gerada no mundo em 2017, 82% foram para a parcela de 1% dos mais ricos da população. Por outro lado, a metade mais pobre – o equivalente a 3,7 bilhões de pessoas – não ficou com nada.
Desde 2010, a riqueza dos bilionários subiu 13% ao ano em média – seis vezes mais do que os salários médios dos trabalhadores, que tiveram alta média de 2%. Mais da metade da população mundial vive com renda entre US$ 2 e US$ 10 por dia.
PublicidadeO patrimônio dos bilionários brasileiros alcançou R$ 549 bilhões no ano passado, um crescimento de 13% em relação a 2016. Por outro lado, os 50% mais pobres tiveram a sua fatia na renda nacional reduzida de 2,7% para 2%. Um brasileiro que ganha um salário mínimo precisaria trabalhar 19 anos para ganhar o mesmo que recebe em um mês uma pessoa enquadrada entre o 0,1% mais rico.
Em reportagem sobre o assunto, o jornal Folha de S.Paulo destaca que uma peça-chave na promoção da desigualdade é o sistema tributário regressivo, que penaliza o consumo dos mais pobres. A legislação brasileira beneficia os mais ricos com uma série de isenções tributárias que reforçam a concentração da renda. Tais benefícios, conforme o jornal, incluem a isenção de Imposto de Renda para lucros e dividendos e a isenção “de IPVA para jatos, iates e helicópteros, por exemplo”. Por outro lado, o grosso da tributação é indireta, isto é, é incorporada a produtos e serviços cujos preços são os mesmos para todas as pessoas.
Com esses fatores, os 10% mais pobres no Brasil gastam 32% de sua renda em tributos, enquanto os 10% mais ricos gastam 21%. O relatório pede que os ricos paguem uma “cota justa” de impostos e tributos e que sejam aumentados os gastos públicos com educação e saúde. “A Oxfam estima que um imposto global de 1,5% sobre a riqueza dos bilionários poderia cobrir os custos de manter todas as crianças na escola.”
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