O cientista político Leonardo Barreto defendeu, na manhã desta quinta-feira (20), que o Distrito Federal lute no Congresso Nacional para garantir mudanças na legislação que permitam à capital do país promover um “experimentalismo institucional”. Autor da única tese de doutorado do Departamento de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) sobre a cidade, Barreto acredita que o sistema atual está falido e que é preciso “ousadia” e “coragem” para experimentar novos modelos eleitorais. Entre as sugestões apresentadas por ele está a possibilidade de criação de partidos políticos com atuação restrita a Brasília, mudanças na forma de eleição dos deputados distritais e uma reforma radical da Câmara Legislativa.
“Por que a Câmara Legislativa não pode baratear seus recursos, por que não pode reduzir número de parlamentares, por que não pode ser voluntária? Por que alguns parlamentares não podem ser escolhidos por sorteio?”, provocou. “Precisamos recuperar a capacidade de recuperar a ousadia. Não podemos ficar engessados em um modelo falido”, disse o cientista político durante debate sobre os novos desafios de Brasília, promovido pelo Congresso em Foco no UniCEUB, que marca o lançamento da página do site voltada para a cidade. Além dele, também participam do encontro o arquiteto José Galbinski e o economista José Luiz Pagnussat.
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Acompanhe a transmissão ao vivo:
http://youtu.be/vyvoxeKBUco
Em sua exposição, o cientista político lembrou o envolvimento de diversos políticos de Brasília em escândalos recentes, como os ex-governadores José Roberto Arruda e Paulo Octávio e os ex-senadores Luiz Estevão, Gim Argello e Joaquim Roriz. Leonardo Barreto lembrou que houve luta política para garantir à capital do país, ainda nos anos 80, autonomia política.
Um desses desdobramentos foi a criação da Câmara Legislativa pela Constituição de 1988. Os parlamentares distritais, no entanto, não representam a coletividade do Distrito Federal, observou. “Devemos ter mais de mil candidatos distritais na próxima eleição. Isso significa que cada um deles percebe que, com algo entre 0,6% a 1% dos votos válidos, consegue se eleger. A Câmara Legislativa é povoada por parlamentares que trabalham unicamente para atender sua clientela”, afirmou. “Temos de quebrar essa política de clientela que existe no DF. Isso está nos matando”, acrescentou.
PublicidadeSegundo ele, 70% dos votos válidos dados a candidatos em Brasília vão para candidatos que perderam a eleição. “Os deputados com maior nível de representatividade têm a sorte de ter 1% dos votos válidos. Há incapacidade e falta de interesse. É antieconômico para esses parlamentares trabalhar para clientelas que estejam fora do seu eixo de atuação”, criticou. Na avaliação dele, há dois tipos de distritais basicamente: os que atuam por regiões isoladas e aqueles que trabalham em favor de corporações.
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