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No “recado” que escolheu para se manifestar publicamente sobre o ocorrido – que despertou imediata reação nas redes sociais, majoritariamente de repúdio à postura dos jovens –, Chico postou vídeos do Youtube, em seu perfil no Facebook, com músicas de sua autoria, ou por ele interpretadas. Em uma delas, o recado é claro: “Vai trabalhar, vagabundo”, sambinha acelerado ao violão gravado em 1976.
No vídeo, de 2 minutos e 33 segundos, Chico procura o diálogo e é apoiado por amigos com quem jantou naquela noite. Ri, lança-se à argumentação, mas só ouve impropérios do outro lado. “Acho que o PT é bandido!” e “Apoiar o PT morando em Paris é fácil” são os exemplos da contra-argumentação. “Acho que o PSDB é bandido… E agora?”, insiste o artista, que ainda aconselha o interlocutor “a se informar mais, porque com base na revista Veja você não vai chegar muito longe”.
Veja no vídeo:
Um dos jovens que abordaram Chico Buarque foi o filho de Alvaro Garnero, conhecido empresário multimilionário que atua em diversos setores. Conhecido como “Alvarinho”, ele estava acompanhado pelo auto-intitulado rapper Tulio Dek (“Dá um Google que você vai ver quem eu sou”, diz o rapaz, ao ser perguntado por Chico quem era o interlocutor). Tulio também é conhecido por ter namorado a atriz Cléo Pires.
A reação dos internautas “amigos” de Chico no Facebook foi massiva. No primeiro post, com a referência à vagabundagem, um deles escreve: “Estava à toa na vida e o coxinha me chamou, para ouvir bla blá blá de quem não se conformou! Viva Chico!”, brincou o fã, parodiando verso da música “A banda”, uma das mais famosas do artista fluminense.
Em outra postagem, Chico muda o tom e registra vídeo com a canção “Todo sentimento”, em que o artista canta acompanhado por um sereníssimo piano. “Chico, quem sabe no tempo da delicadeza venham a te entender…”, registrou outro internauta, com menção a um dos versos da música.
No Twitter, a reação de apoio a Chico foi igualmente significativa. “Os riquinhos que insultaram Chico Buarque são tão pobres, mas tão pobres, que só possuem dinheiro no bolso e nada na cabeça. É um vazio puro”, registrou o teólogo Leonardo Boff, colunista do Congresso em Foco.
Mas também houve quem criticasse o artista, tanto no Twitter quando no Facebook. “Chico Buarque, aquele Riquinho q detestava o Reg. Militar mas Adora a Ditadura Petista. Não é Incrível?”, ironizou uma internauta no microblog. “Comunista caviar e champanhe em Paris está sempre à toa na vida, e vivendo das benesses oferecidas pelo governo Dilma e PT”, protesta outro, no Facebook.
Solidariedade presidencial
O episódio gerou manifestações até da presidente Dilma Rousseff, para quem Chico gravou vídeos de apoio durante as campanhas de eleição e reeleição da petista. Para Dilma, que resgata o uso do termo cunhado por Diegues, o debate político deve ser “saudável, e não descambar para a disputa política “furiosa”.
“Minha solidariedade a Chico Buarque, um dos maiores artistas brasileiros, q foi hostilizado no Rio por conta de suas posições políticas. O Brasil tem uma tradição de conviver de forma pacífica com as diferenças. Não podemos aceitar o ódio e a intolerância. É preciso respeitar as divergências de opinião. A disputa política é saudável, mas deve ser feita de forma respeitosa, não furiosa. Reafirmo meu repúdio a qualquer tipo de intolerância, inclusive à patrulha ideológica. A Chico e seus amigos, o meu carinho”, reclamou a presidente, em sua conta no Twitter.