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A redução da maioridade penal ainda não está aprovada. A proposta passou apenas em primeira votação na Câmara em 2 de julho, após uma manobra bastante controversa conduzida pelo presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Uma versão do texto não havia conseguido apoio de dois terços dos deputados no dia anterior – necessário para a aprovação –, mas Cunha recolocou o projeto na pauta, usando para isso uma emenda à proposta original. O procedimento foi bastante criticado. Para virar lei, o projeto precisa ser analisado uma segunda vez pelos deputados federais – o que deve ocorrer este mês – e, depois, passar por duas votações no Senado. Se os senadores alterarem o texto, ele terá de ser votado de novo na Câmara. Isso se repetirá até que haja uma versão aprovada sem alterações pelas duas Casas.
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Uma rede de interesses está por trás da iniciativa. Um dos parlamentares a favor da redução, o deputado Pastor Eurico (PSB-PE), chegou a expor claramente que “cada caso é um caso”, em entrevista à Pública. “Um cidadão de bem que criou seu filho, deu educação, o menino pega o carro do pai e ‘vou ali’, daí sai, atropela, matou. Esse menino não é bandido, tem educação, testemunho, formação, ele vai ser tratado igual ao cara que sai com um revólver, sequestra e mata? É diferente. Tem que parar pra pensar e analisar”, afirmou.
A Proposta de Emenda à Constituição da redução da maioridade penal (PEC 171/93), apresentada pelo ex-deputado federal Benedito Domingos (PP-DF), está em tramitação na Câmara desde 1993. O texto previa a redução da maioridade penal para 16 anos em todos os casos. Além dela, 36 iniciativas tramitavam em conjunto e estavam paradas na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), responsável por analisar a constitucionalidade dos textos. A PEC provocou discussões entre os parlamentares, não necessariamente maduras. Em uma audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, os deputados Laerte Bessa (PR-DF) e Alessandro Molon (PT-RJ) bateram boca.
Em 31 de março, os deputados membros da CCJ aprovaram os aspectos legais e constitucionais da PEC. Foram 42 votos a favor e 17 contra, o que permitiu que a PEC fosse encaminhada para análise do mérito por uma Comissão Especial.O texto da PEC, então, foi modificado e posto para votação no plenário da Câmara. Na madrugada do dia 1º de julho, os deputados rejeitaram a proposta alterada pela Comissão Especial. O texto que acabou aprovado em plenário no dia seguinteprevê a redução para 16 anos em casos de crimes hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte.
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