Vice de Dilma por mais de cinco anos, o presidente Michel Temer respondeu à ex-aliada, que o chamou de “fraco e medroso”. Em entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila, exibida ontem (22) à noite pela Globonews, Temer atribuiu a responsabilidade pela crise política e econômica enfrentada pelo país à antecessora. “Se eu for fraco e conseguir fazer o que fiz pelo país, eu prefiro ser fraco do que ser forte. Porque, os que se dizem fortes destruíram o país”, disse o presidente. Em recado à petista, o peemedebista declarou que as pessoas confundem “educação cívica e pessoal” com fraqueza. “Eu não vou mudar meu jeito, não. Sempre deu certo assim, vou continuar assim.”
Leia também
Questionado pelo jornalista se não deveria se reinventar para se aproximar da sociedade e melhorar seus indicadores de popularidade, Temer afirmou que não está preocupado em ser reconhecido agora pela população. “Não pratico atos populistas. Eu faço distinção entre populismo e popularidade. Quando pratica atos populistas, são aquelas que agradam de imediato o povo, mas que são meio irresponsáveis, porque geram prejuízo posterior muito grande. A popularidade, não. A popularidade depende do que você faz hoje para ser reconhecido amanhã.”
Michel Temer disse que só cometeu um erro na reforma da Previdência. Ele não se referiu à fixação de uma idade mínima, à revisão dos benefícios dos trabalhadores nem à exigência de 49 anos de contribuição para a aposentadoria integral. Mas à inclusão de servidores públicos municipais e estaduais na reforma. Ponto que será retirado do relatório da comissão especial na Câmara a pedido do governo.
“Tirei tudo aquilo que é administração estadual, é a chamada competência residual do estado. Uma das poucas competências que o estado tem. Quando você em nível federal, em nível constitucional, fixa uma determinação para o estado agir desta ou outra maneira, você está interferindo na autonomia do estado”, afirmou. Segundo ele, a mudança também teve como objetivo reduzir a pressão de servidores locais sobre os parlamentares.
O presidente disse que sente “certa tristeza cívica” com o “espetáculo” da Polícia Federal na divulgação das ações da Operação Carne Fraca. Para ele, houve exagero ao revelar o resultado das investigações sobre uma “porção diminuta” do total de frigoríficos do país – 21 de 4. 838.
Roberto D’Ávila também questionou o presidente sobre sua decisão de voltar ao Palácio do Jaburu poucos dias após ter se mudado com a família para o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. “Fiquei uma semana lá (no Alvorada) e quase três noites sem dormir. Eu disse ‘melhor voltar para o Jaburu’ e deixo o Alvorada para recepções, encontros políticos. Estou muito feliz no Jaburu. Não sou supersticioso, mas também não deixo de acreditar em certas energias”, explicou. “Não me sentia à vontade, confesso, talvez pelo tamanho do palácio. Não quero dizer que é modéstia minha, mas se fosse pelo deslumbramento, eu ocuparia o Alvorada, cheio de possibilidades. Preferi ficar no Jaburu que me sinto mais confortável”, emendou.
Na noite dessa quarta-feira (22), Temer teve uma mostra de que tem problemas com sua base governista no Congresso. Defendido pelo Planalto, o projeto que libera de maneira irrestrita a contratação de empresas terceirizadas foi aprovado por 231 votos a 188. Houve oito abstenções. Como mostrou o Congresso em Foco, mais da metade dos votos contrários foram dados por parlamentares governistas. Com 64 deputados, o PMDB deu apenas 33 votos à proposta do governo.
Em entrevista ao Valor Econômico publicada na sexta-feira da semana passada, Dilma subiu o tom nas críticas ao seu ex-vice. Afirmou que errou ao dar a ele a coordenação política do governo e o chamou de “um cara extremamente frágil, fraco e medroso”.
Veja a entrevista de Temer a Roberto D’Ávila
Deixe um comentário