A presidente afastada da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Celina Leão (PPS), disponibilizou os próprios sigilos bancário, fiscal e telefônico durante reunião da CPI da Saúde nesta quinta-feira (17). A deputada não faz parte da comissão, mas foi à reunião para prestar apoio ao colegiado que investiga um suposto esquema de corrupção na Saúde do DF.
Celina Leão levou aos deputados da CPI a cópia integral do inquérito da Operação Dracon e também cópias de todas as conversas gravadas por Marli Rodrigues – denunciante dos supostos esquemas fraudulentos. Ela ainda defendeu a necessidade de continuidade das investigações pela comissão e criticou o fato de o inquérito não ter investigado as “muitas denúncias” envolvendo o governo local.
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“Em mais de quatrocentas páginas, eu só apareço no inquérito uma vez na denúncia feita pela deputada Liliane Roriz”, ressaltou, comentando ainda que, em virtude da grande repercussão na mídia envolvendo os deputados, eles é que se tornaram os alvos principais de toda aquela investigação.
As gravações entregues por Celina aos membros da CPI estão sob sigilo, e só quem pode ter acesso são as partes do processo. O deputado Robério Negreiros (PSDB), que integra a comissão, questionou se a comissão tinha prerrogativas legais acessar as gravações. Celina, porém, defendeu que o sigilo da operação foi quebrado, o que permite que os colegas analisem o material.
Silêncio
PublicidadeApesar do final animado da reunião da CPI protagonizado por Celina Leão, ao longo do depoimento que marcaria a 20ª sessão da comissão, pouco se avançou nas investigações nesta quinta. Isto porque o depoente, Valdeci Marques de Medeiros, permaneceu em silêncio. Os distritais queriam que Valdeci esclarecesse sua participação nas gravações das conversas entre o vice-governador Renato Santana e a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues. A todas as perguntas, Valdeci respondia: “Me reservo ao direito de permanecer calado”.
“Estou indignado”, reclamou o relator da CPI, deputado Lira (PHS). Ele tentou em vão que Valdeci (considerado nas gravações “irmão” de Marli e do vice-governador) explicasse os motivos de ter intermediado as conversas gravadas e o suposto esquema de cobrança de propina para pagamento de contratos na área da saúde. Lira advertiu que Valdeci prestara “um desserviço à sociedade”, assim também como outras testemunhas que trouxeram habeas corpus à CPI para deixarem de responder as perguntas dos distritais sem risco de serem presos.
Lira propôs a quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal do depoente. O deputado Bispo Renato Andrade (PR), brincando, afirmou que só ele teria informações de Valdeci. Informou aos colegas que o depoente lhe dissera que o sigilo dele já fora quebrado na apuração feita pela Justiça. Os advogados, que também nada falaram publicamente, sinalizaram que era correta aquela informação.
Prorrogação
O requerimento para a prorrogação da CPI por mais 180 dias, que estava na pauta para ser votado hoje, só será apreciado em sessão extraordinária da CPI, na próxima segunda-feira (21). A decisão foi anunciada após a saída da reunião do relator Lira, que alegou problema de saúde na família, e da recusa do deputado Robério Negreiros (PMDB) de participar da votação, sem a participação do relator. Negreiros defendeu que não haveria em virtude do adiamento, pois o prazo inicial para encerramento da CPI só acaba na sexta-feira (25).
O adiamento da votação provocou clima tenso na reunião. Negreiros deixou o plenário e retirou o quórum para deliberação. O presidente da CPI, Wellington Luiz (PMDB), não escondeu sua irritação com a não-votação do requerimento, mesmo depois de informar que o deputado Lira assinara antes requerimento para a prorrogação dos trabalhos da CPI. Ele denunciou “uma interferência clara do Buriti”. O deputado Bispo Renato Andrade (PR) também protestou: “Quem aceita pressão do governador não serve para ser deputado e representar a população”.
Com informações da Agência CLDF
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