“Vamos ser francos. Em primeiro lugar, não sei se há realmente uma delação premiada. Se houver, o senador Delcídio, com quem sempre tive excelentes relações, não tem primado por dizer a verdade”, disse Cardozo, após a cerimônia de posse ocorrida no Palácio do Planalto. Cardozo deixou o comando do Ministério da Justiça e assumiu a AGU. “Sinceramente, independentemente do que foi dito, o senador Delcídio, depois de todos os episódios, não tem nenhuma credibilidade para fazer nenhuma afirmação”, acrescentou.
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“Ainda vou ler a matéria para entender o que ele está falando. Se é verdade que ele fez a delação premiada, a possibilidade de, mais uma vez, ele ter faltado com a verdade é grande. Faltou no episódio da fita, depois desdisse. Disse que tinha falado com o ministro do STF, depois disse que não falou. Depois disse para todo mundo que não tinha feito delação premiada, e que isso era um absurdo. É triste. Mas vamos ver o que realmente acontece”.
Cardozo confirmou que alguns integrantes da base governista têm recebido recados vindos de Delcídio, nos quais ele ameaça fazer retaliações, caso não atuassem no sentido de retirá-lo da prisão.
“Sim, recebemos muitos recados. Inclusive muitos foram publicados na imprensa, em que se falava que se o governo não agisse para tirá-lo da prisão ele faria retaliações. Se efetivamente houve isso, há forte possibilidade de se tratar de retaliação, até porque isso foi anunciado previamente”, disse Cardozo.
Delcídio do Amaral foi preso pela Operação Lava Jato após apresentação de uma gravação em que ele oferece R$ 50 mil por mês e um plano de fuga ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, para que este não firmasse acordo de delação premiada com o Ministério Público. O senador ficou preso por mais de 80 dias. No dia 19 de fevereiro o senador passou, por determinação judicial, a cumprir o recolhimento domiciliar noturno e nos dias de folga.
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