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Segundo ele, será um “atentado” à Constituição se o Congresso aprovar o impeachment da presidente sem a caracterização de que ela cometeu crime de responsabilidade. Dois pontos são analisados pelo colegiado: as pedaladas fiscais e os decretos de abertura de crédito orçamentário. Cardozo questionou o fato de o Tribunal de Contas da União (TCU) ainda não ter analisado as contas de 2015 do governo Dilma, etapa que antecede a análise pelo Congresso. Até hoje os parlamentares não examinaram a recomendação do TCU pela rejeição das contas de 2014, que não são objeto do processo de impeachment.
O ministro também criticou os senadores que anunciaram o seu voto antes mesmo da apresentação da defesa. “Parlamentares têm o papel de juiz e não podem declarar seus votos”, afirmou. “Se fosse um processo político, não haveria problema, mas em um processo jurídico-político há problema”, acrescentou.
Cardozo é ouvido pelos senadores nesta sexta-feira (29) da reunião da comissão de impeachment para defender a presidente Dilma, assim como os ministros Kátia Abreu (Agricultura) e Nelson Barbosa (Fazenda).
Requerimentos
Antes de começar sua defesa, Cardozo fez três requerimentos à Mesa Diretora da comissão. Primeiramente, pediu que o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) fosse destituído da relatoria, alegando que o jurista Miguel Reale Junior, um dos autores do pedido de impeachment, é filiado ao PSDB, legenda do ex-governador mineiro.
O presidente Raimundo Lira, porém, recusou o requerimento e afirmou que, nesta fase do processo, só são aceitos pedidos de senadores participantes da comissão. O ministro solicitou ainda ter acesso a todos os documentos do processo, como notas taquigráficas das discussões na comissão do Senado. Este pedido foi acolhido pela presidência.