“Os eleitores não querem grandes superproduções audiovisuais, mas sim grandes projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. O cidadão não mais se impressiona com pirotecnia, maquiagem e opulência, pois ele deseja compromisso e honestidade daqueles que o representam”.
Em meio a essa polêmica envolvendo a criação de um novo fundo partidário bilionário para financiar as eleições do ano que vem, o qual sou terminantemente contra, uma questão foi levantada por diversos setores da sociedade: como baratear as campanhas eleitorais? Estima-se que o custo das eleições em 2014 tenha sido de R$ 5 bilhões, segundo levantamento feitos nos dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mesmo que esse valor tivesse sua origem lícita, comprovada e todas as prestações de contas fossem aprovadas, o que já sabemos que não ocorreu, ainda assim seria um escárnio com a população brasileira.
Grande parte deste custo exorbitante das campanhas é proveniente de produções cinematográficas que escondem a realidade dos fatos, contratação de empresas especializadas em falsear interações em redes sociais por meio de robôs etc., fruto de um marketing político distorcido que vem se revelando nos últimos pleitos. A lista de abusos do poder econômico é extensa e vimos nos últimos anos no que essas práticas resultaram. No entanto, parte dos políticos parece não ter compreendido a mudança de paradigma promovida pela operação Lava Jato, que desnudou todo esse universo de ações criminosas.
Leia também
Quando me licenciei do Ministério Público para disputar as eleições, em 2002, as redes sociais estavam ainda começando a se desenvolver e os meios para alcançar os cidadãos eram os tradicionais. Sempre gostei de uma boa conversa, um bom debate, e priorizei essa forma de diálogo com a sociedade ao longo da minha trajetória política. É claro que as redes sociais revolucionaram a comunicação global e isso impactou na forma como os cidadãos interagem com a política. Em meus perfis, frequentemente dialogo com pessoas que questionam, opinam, elogiam e criticam de forma livre e democrática. O que é ótimo. Mas é preciso salientar que nada substitui o olho no olho.
Seja durante as eleições, seja durante o mandato, quem se propõe à vida pública não pode se esconder do contato com a população, deve dar transparência máxima às suas ações, até mesmo às relações pessoais. Posso soar idealista, mas mantenho fé na troca honesta de ideias, no debate sincero de propostas com vistas ao bem comum, que é uma sociedade mais justa e equânime. Para o meu alento, percebo que não estou sozinho nessa luta e vejo exemplos de homens e mulheres que adotam essa mesma linha de atuação na vida pública, o que é ótimo.
No semestre passado, publiquei aqui um artigo reforçando a importância da participação popular no processo político. Na ocasião, afirmei que a reforma política em tramitação no Congresso servia a “duas questões vitalícias para manutenção das oligarquias político-partidárias que dominam as arenas decisórias: suprir o vácuo deixado pelas empresas privadas para o financiamento das campanhas e criar condições de elegibilidade dos velhos caciques”.
Publicidade<< Participação popular: entre a repulsa aos políticos e a mobilização política
Disse, ainda, que era preciso “ampliar o acesso da população ao processo de elaboração das leis e aos meios de representação neste momento de forte repulsa à política é preponderante para fortalecermos nossa democracia e conseguirmos a mobilização necessária para uma completa reestruturação do sistema político”. Reafirmo cada palavra escrita na ocasião. É preciso trazer os bons para a política, e isso se faz por meio do contato direto com os cidadãos que, pagando seus impostos, são nossos verdadeiros e únicos patrões. Essa é a grande verdade.
A sociedade não deseja investir mais dinheiro nas campanhas, ela espera melhores propostas. Os eleitores não querem grandes superproduções audiovisuais, mas sim grandes projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. O cidadão não mais se impressiona com pirotecnia, maquiagem e opulência, pois ele deseja compromisso e honestidade daqueles que o representam nas diversas esferas políticas (municipal, estadual e federal).
A solução para a crise política não está nas campanhas megalomaníacas e muito menos na figura de salvadores da pátria. Ela está em cada brasileiro que luta diariamente por um país melhor. Sugiro aos políticos tradicionais irem às ruas para conhecê-los.
<< Leia outros artigos do deputado distrital Chico Leite (Rede)
Deixe um comentário