No Brasil, desde 1934 é proibida a briga de galo. Apesar de proibidas, elas ainda existem. Nos fundos de quintais, nos cafundós dos bairros, no interior deste imenso Brasil e nos ringues. Estas últimas, feitas nos ringues, são, às vezes, transmitidas pela TV.
As rinhas clandestinas são feitas por animais que provavelmente não queriam brigar e só brigam pela natureza do animal, assim mesmo após terem sido treinados e atiçados pelo homem.
As brigas em cima dos ringues são feitas por animais racionais, que se postam, muitas vezes, como galos. E se exigir deles algum debate sobre qualquer tema literário, político, cultural etc., na maioria das vezes, vai conseguir ouvir somente um cacarejo.
As brigas de galo foram proibidas pelo decreto federal 24.645/34, que proíbe “realizar ou promover lutas entre animais da mesma espécie ou de espécies diferentes, touradas e simulacro de touradas, ainda mesmo em lugar privado”.
Ao buscar informações sobre as rinhas de galo, tomei conhecimento, pela internet, que existe uma “Liga de Prevenção da Crueldade contra Animal”, situada no Rio de Janeiro.
Há também, pelo Brasil afora, inúmeras entidades de defesa dos animais. Ao tomar conhecimento desta liga, pensei que ela poderia exercer um papel mais humano, interditar a briga de “galos” em cima de ringues e transmitidas pela TV.
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Creio que isto é possível, pois isto já ocorreu na história do Brasil. O advogado Sobral Pinto, católico fervoroso, foi designado pela Ordem dos Advogados do Brasil, em 1937, para defender os comunistas Luís Carlos Prestes e o alemão Harry Berger. Ambos estavam presos por terem organizado e participado da Intentona Comunista. Berger foi preso, barbaramente torturado e mantido na cadeia em condições subumanas.
Na defesa de Harry Berger, Sobral Pinto entrou com um pedido de habeas corpus e baseava seus argumentos em um artigo da Lei de Proteção dos Animais, pois a condição da cela era pior que os locais onde eram mantidos os animais.
No último mês de março, vi uma foto que não me sai da memória: um homem com o rosto todo ensanguentado e com o aspecto de (dor) choro. Uma imagem horrível.
Ao pé da foto era informado que se trata de Gilbert “Durinho” Burns, lutador de UFC. Informa também que é aquele que, ao final da luta, cacarejou: “Dilma, pede pra sair”.
Desde então a foto e a frase não me saíram da cabeça, e me trouxeram à memória o fato de que a briga de galo é proibida no Brasil. Se a briga de galo é proibida e se a briga de rua também, por que trazer a briga de rua para cima do ringue? E, pior, transmiti-la pela TV.
As lutas de UFC se assemelham a rinhas de galos. Nada de usar o cérebro, somente a força muscular e a violência. Na briga, rompem-se músculos, tendões, ossos, dentes e, muitas vezes, inunda-se o ringue de sangue. O cérebro pode também ser lesionado definitivamente, mas, para ser um lutador desses, inteligência já deve estar faltando. Ou é inteligente dar a cara para bater?
A relação não é direta, mas há de se perguntar: o que se pode exigir intelectualmente desses homens e daqueles que, na torcida, urram e aplaudem? Se sábios e inteligentes fossem, iriam para cima do ringue ou ficariam na torcida? Aplicar ou torcer pela violência, sinceramente, não é ser inteligente.
Quando o senhor “Durinho” declarou (ou cacarejou?) “Dilma, pede pra sair”, Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, escreveu: “Valer-se de pessoas que usam os punhos e pés em vez do cérebro para fazer pregações intelectuais faz todo sentido em um momento como este. A política brasileira, atualmente, em tudo se assemelha a essas arenas sangrentas”. Tudo vale. Basta ver o comportamento golpista da oposição ao governo Dilma e ao PT.
A direita brasileira, em conjunto com a imprensa, também de direita, tem trabalhado com afinco para que ocorra um golpe de Estado no país. Para tanto, estão lançando mão inclusive de golpes baixos, como muitos destes “galos de briga” fazem.
Sugiro à “Liga de Prevenção da Crueldade contra Animal” e a todas as demais entidades de proteção animal, que encontrem outro Sobral Pinto para entrar com ação proibindo estas lutas. Se não conseguir proibi-las, que, pelo menos, proíba-se a transmissão pela TV.
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