Minha amada Brasília, berço de nascimento da minha esposa e dos meus dois filhos, completa, neste 21 de abril, 57 anos de uma história bonita e gloriosa.
“Todo o Brasil vibrou. E nova luz brilhou, quando Brasília fez maior a sua glória. Com esperança e fé. Era o gigante em pé. Vendo raiar outra alvorada em sua história.”
Nascida do idealismo de Juscelino Kubitschek, que, um dia, tal como Dom Bosco, um século antes, teve a visão da nova capital, hoje a cidade é o lar de mais de 3 milhões de pessoas. Sou uma delas, tendo vivido aqui grande parte – 46 anos – de meus 54 anos de vida.
Cheguei a Brasília como tantos milhares de outros brasileiros que vieram dos vários rincões do país: aos oito anos de idade, como pobre migrante nordestino, pela mão de minha mãe e junto com meus irmãos, a fim de reencontrar meu pai, um dos pioneiros da cidade. Na bagagem, as esperanças de uma vida melhor, longe do interior do Rio Grande do Norte, onde não tínhamos perspectivas. Naquela época, dez anos depois da fundação de Brasília, a capital ainda era um grande canteiro de obras. E eu, logo que pude, comecei a ajudar meu pai a erguer Ceilândia, cidade onde nossa família passou a viver, transferida da favela Vila Esperança, no Núcleo Bandeirante.
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Fui servente de pedreiro de meu pai, homem simples, humilde, que nos legou caráter, respeito pelos outros e honradez como herança de família. Fui menino e adolescente pobre. Como rapaz pobre, cresci com Brasília, mas nunca, durante todo aquele longo período de dificuldades, rejeitei a cidade. Ao contrário, sempre amei Brasília e sempre tive a certeza de que o destino me reservava dias melhores, assim como à própria capital.
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Ao longo das décadas em que aqui estou, fui testemunhando as transformações por que Brasília passava. Na verdade, não só testemunhando, mas também participando da consolidação de Brasília como capital da República, junto com os pioneiros, os candangos, aqueles que chegavam transferidos ex officio, e os que vinham estimulados pelas novas oportunidades e vantagens que se desenhavam àqueles que se dispusessem a deixar a cidade de origem para aqui se fixarem.
Sempre confiei no meu futuro e no futuro da nova capital. Foi graças a essa confiança que consegui superar todas as dificuldades impostas pela falta de recursos dos primeiros anos de minha vida. As oportunidades foram surgindo, sempre oferecidas pela cidade. Se tive algum mérito, foi o de saber aproveitá-las. Estudar em escolas públicas exigia muita determinação. Todavia, eu tinha gosto pelos estudos, o que me levou adiante.
Hoje, como diretor-executivo da Escola de Governo do DF, ajudei a capacitar – em dois anos – 29.910 servidores. De 2011 a 2014, foram capacitados 16.950. Tenho convicção de que estou sendo útil, e isso me faz muito feliz.
Por tudo isso, Brasília não é, para mim, apenas a cidade onde vivo. É uma de minhas paixões. É cidade generosa para quem gosta de trabalhar, tem talento e ética nas veias.
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