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O número de participantes, de acordo com as estimativas da Polícia Militar, superou o registrado na manifestação de 12 de abril, estimado em 560 mil manifestantes, e ficou aquém dos protestos de 15 de março, que reuniram cerca de 2 milhões de pessoas. Somadas as estimativas das PMs locais, os atos deste domingo levaram 795 mil brasileiros às ruas.
A adesão às manifestações pode ter sido maior, pois as polícias do Rio de Janeiro e de Pernambuco não divulgaram a estimativa de público. Os protestos também foram marcados pela maior participação de lideranças da oposição, como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP), ex-candidatos do PSDB à Presidência. A principal palavra de ordem das manifestações foi a defesa do impeachment da presidente. Mas houve também quem defendesse sua renúncia e a convocação de novas eleições. Uma parte minoritária pediu a intervenção das forças militares.
A maior concentração foi registrada na Avenida Paulista, em São Paulo. Segundo a Polícia Militar paulista, cerca de 350 mil pessoas participaram da mobilização. Em Curitiba, outras 60 mil; em Fortaleza, também registradas 50 mil pessoas nos protestos. Destaque também para os protestos em Brasília, que reuniram em torno de 25 mil pessoas, conforme a PM; mais de 40 mil, nas contas dos organizadores. Em Belo Horizonte, 10 mil manifestantes participaram dos atos contra o governo, segundo a PM.
Em todo o Brasil, os protestos foram marcados pela tranquilidade e pelo bom humor. Em Brasília, os manifestantes adotaram como hino de protesto a música “Melô da mandioca”, uma paródia produzida pelo canal Timbu Fun, do YouTube, a partir de um discurso feito pela presidente na abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Na ocasião, Dilma destacou a mandioca como “uma das maiores conquistas do Brasil”. No mesmo discurso, ela também fez uma saudação às “mulheres sapiens”.
Boneco
PublicidadeEm todos os protestos, os manifestantes reivindicaram o impeachment da presidente Dilma. O ex-presidente Lula também não foi poupado das críticas. Até um boneco inflável com a caricatura dele foi usado em Brasília e em São Paulo para protestar contra o governo. O boneco estava vestido como presidiário, com o número 13.171 (em referência ao PT e ao artigo do Código Penal que tipifica o estelionato) e “acorrentado” a uma bola de ferro inflável escrita Operação Lava Jato. Em defesa do ex-presidente Lula, um grupo de manifestantes fez um ato de desagravo ao petista em frente à sede do Instituto Lula, na capital paulista.
Também em São Paulo e em Brasília, manifestantes ergueram uma faixa gigante com a frase “impeachment já”. Em alguns momentos, as pessoas entoaram o Hino Nacional Brasileiro, mas houve também momentos de hostilidade contra a presidente Dilma Rousseff, com o uso inclusive de palavrões.
Nas mobilizações, os manifestantes ergueram cartazes como expressões como “fora Dilma” ou “fora PT”. Houve também quem pregasse: “Pedalada, só de bike”, em alusão ao processo que Dilma responde no Tribunal de Contas da União (TCU) por conta do represamento de repasses de recursos de benefícios sociais aos bancos públicos, a chamada “pedalada fiscal”.
Durante as mobilizações, também foram registrados atos de apoio às investigações da Operação Lava Jato e ao juiz Sérgio Moro, responsável pela condução dos processos relacionados ao escândalo de corrupção na Petrobras. Não houve registros de violência, apenas incidentes pontuais. Em Brasília, um manifestante foi expulso do protesto por erguer um cartaz com a frase “volta Sarney”.
“Queremos um Brasil melhor. Não adianta somente tirar a presidente Dilma. Temos que varrer o Congresso Nacional e até o Judiciário. Do jeito que está não dá mais”, criticou a administradora Adriana Peruche, durante o protesto em Brasília.
Discursos
Além disso, alguns políticos do PSDB aproveitaram os protestos para demarcar posição contra o governo federal. Em Minas Gerais, o presidente da legenda, o senador Aécio Neves (MG), discursou em um dos carros de som do Movimento Brasil Livre (MBL), um dos organizadores dos protestos.
“O Brasil despertou. É o povo na rua que vai permitir a superação da crise. Não é este governo, que não tem mais autoridade, nem credibilidade. Estou emocionado de ver este despertar dos brasileiros. Mais do que nunca nós estamos juntos”, disse Aécio.
O senador, Aloísio Nunes (PSDB-SP), também caminhou ao lado dos manifestantes em Brasília e criticou o acordo entre a presidente Dilma e presidente do Senado, Renan Calheiros, na chamada “Agenda Brasil”. “Esse conchavo tem fôlego curto. A crise é forte, o desemprego é grande e a corrupção cada vez mais provoca a indignação das pessoas. Não há conchavo que segure essa onda”, disse.
Na Avenida Paulista, o senador José Serra (PSDB-SP) também foi às manifestações. Ele não chegou a discursar. Foi recebido com aplausos e vaias pelos manifestantes. O tucano voltou a criticar o governo. “Como senador, tenho que prestar atenção na vontade do povo, na Constituição, nas leis e nos fatos que vêm a público. O governo Dilma tem tanta obsessão por esta questão. Praticamente o único programa coerente que eles têm é o de lutar contra o impeachment. Não governam o resto”, disse Serra.
Manifestações em Brasília: veja imagens
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