Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) apontou para uma estagnação brasileira no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). De acordo com relatório, o Brasil se manteve na 79ª posição em um ranking de 188 países, mesmo índice apresentado em 2014. O IDH foi divulgado nesta terça-feira (21). A pesquisa foi realizada em 2016, mas tem como base o ano de 2015. O país registrava crescimento do IDH desde 2010, mas manteve mesmo patamar entre 2014 e 2015.
Como justificativas para o desempenho, o relatório aponta uma queda no rendimento bruto nacional em 2015, que impactou o padrão de vida dos brasileiros. No documento, o Brasil permaneceu com o indicador de 0,754, apesar de pequena melhora em indicadores de expectativa de vida e escolaridade. A composição das notas é realizada com base na avaliação de quesitos como saúde, educação e rendimento. Entre 1990 e 2015, a média de crescimento do IDH brasileiro foi de 0,85% ao ano.
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O resultado tem como base o cruzamento de dados de vários organismos nacionais e internacionais. Quanto mais próximo de 1 ponto, melhor a colocação na tabela, que há anos é encabeçada pela Noruega, país escandinavo que, entre 2014 e 2015, passou de 0,944 ponto para 0,949 ponto, o que o coloca à frente dos 50 países que o Pnud considera de desenvolvimento humano muito alto – e entre os quais só há dois latino-americanos: Chile (38ª posição) e Argentina (45ª).
Dos 188 países analisados, 159 melhoraram o IDH, enquanto 13 tiveram redução no índice e os outros 16, grupo no qual o Brasil se inclui, mantiveram o mesmo patamar entre o período de 2014 e 2015.
Apesar da estagnação, o país faz parte do grupo de 55 países considerados de alto desenvolvimento humano. Na América Latina e no Caribe, além de Chile e Argentina, o Brasil fica atrás de Barbados e do Uruguai (empatados na 54ª posição); de Bahamas (58ª); do Panamá (60ª); de Antígua e Barbuda (62ª); Trinidad e Tobago (65ª); da Costa Rica (66ª); de Cuba (68ª); da Venezuela (71ª) e do México (77ª).
Atrás do Brasil, mas ainda entre os países e territórios latino-americanos de alto desenvolvimento humano, estão Peru (87ª); Equador (89ª); Santa Lúcia (92ª), Jamaica (94ª); Colômbia (95ª); Suriname (97ª); República Dominicana (99ª); São Vicente e Granadinas (99ª) e Belize (103ª). As demais nações latino-americanas, como Paraguai (110ª), El Salvador (117ª) e Bolívia (118ª), figuram entre os grupos de médio ou baixo IDH.
PublicidadeCrise econômica
No caso brasileiro, os resultados indicam os efeitos das crises econômica e política que afetam o país desde 2014. De acordo com o Pnud, mais de 29 milhões de pessoas saíram da pobreza entre 2003 e 2013. No entanto, o nível de pobreza voltou a crescer entre 2014 e 2015, quando cerca de 4 milhões de pessoas ingressaram na pobreza. No mesmo período, a taxa de desemprego também voltou a subir, atingindo mais de 12 milhões de pessoas. E a situação é mais grave entre jovens e mulheres.
Diante de situações como essa, verificada também em outros países, inclusive em economias desenvolvidas, o Pnud recomenda a adoção de políticas públicas universais afirmativas, que fortaleçam a proteção social e deem voz aos excluídos.
Em termos globais, o Informe sobre Desenvolvimento Humano do Pnud mostra que, apesar de avanços mundiais, há ainda uma enorme quantidade de pessoas sendo deixadas para trás, em todos os países, inclusive nos de alto desenvolvimento humano.
A partir de dados de diferentes entidades internacionais e organismos oficiais nacionais, o relatório do Pnud mostra que os “impressionantes progressos” em termos de desenvolvimento humano registrados nos últimos 25 anos não enriqueceram a população global em termos igualitários. Cerca de 766 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 1,90 por dia (o equivalente a cerca de R$ 5,90/dia).
Aproximadamente 385 milhões dessas pessoas são crianças (considerada a renda per capita familiar). Além disso, só nos países desenvolvidos há algo em torno de 300 milhões de pessoas consideradas pobres. No mundo, os países que mais perderam posições no ranking entre 2010 e 2015 foram Líbia e Síria. Ruanda e Zimbábue foram os que mais cresceram no IDH no mesmo período.
Durante a apresentação do relatório à imprensa brasileira, a coordenadora Andréa Bolzon destacou como exemplo de desigualdade a situação das mulheres. “Não é possível alcançarmos desenvolvimento humano e sustentável se a desigualdade entre gêneros e a falta de empoderamento das mulheres continuar sendo uma realidade no mundo inteiro.”
De acordo com o relatório do Pnud, mulheres ganham em média 24% menos que os homens em postos de trabalho semelhantes. Além disso, na América Latina e no Caribe, para cada grupo de 100 homens vivendo em domicílios considerados pobres há 117 mulheres na mesma situação.
Gafe do Planalto
Por meio de nota enviada à imprensa, o Palácio do Planalto chegou a anunciar que o país teria saído da 75ª posição para para 79ª. No texto, o Planalto afirma ainda que para os próximos anos haverá uma melhora “tanto absoluta, quanto relativa”, fruto das medidas adotadas pela gestão do presidente Michel Temer. No entanto, procurada pelo Congresso em Foco, que questionou o aumento anunciado pelo governo, a assessoria informou que o dado divulgado foi baseado em metodologia antiga do PNUD.
Confira íntegra da nota do Planalto:
“O governo brasileiro tomou conhecimento hoje de que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2015, divulgado ao fim da manhã pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), revela que o Brasil passou da 75ª para a 79ª posição no ranking dos 188 estados avaliados. Em termos absolutos, o índice se manteve estável em 0,754. O Brasil segue listado entre os países de alto desenvolvimento humano.
Os dados divulgados pela agência da ONU ilustram a severidade da crise da qual apenas agora o País vai saindo.
O resultado do conjunto de transformações em curso sob a liderança do Presidente Michel Temer deve refletir-se, ao longo das próximas edições do índice, em uma melhoria, tanto absoluta, como relativa de nosso número.
Medidas como o controle das contas públicas, garantia dos gastos em saúde e educação, garantia do acesso à água por meio da conclusão do Projeto São Francisco, retomada do crescimento e do emprego se combinam para recolocar o País nos trilhos e criar uma realidade que logo será refletida nos indicadores internacionais.
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República”
Com informações da Agência Brasil
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