Em menos de 48 horas, o deputado Juarezão (PSB) deixou de ser um parlamentar de pouca influência na Câmara Legislativa para tornar-se o presidente da Casa. Um dia depois de ser eleito vice-presidente do Legislativo local, na vaga deixada por Liliane Roriz (PTB), Juarezão sobe mais um degrau na hierarquia política e assumirá a presidência no lugar da deputada Celina Leão (PPS), afastada pela Justiça do Distrito Federal. A mudança é positiva para o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), que vê sua principal adversária política local ser substituída por um deputado de seu partido.
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Em seu primeiro mandato, Juarezão foi eleito pelo PRTB, partido de Luiz Estevão, mas rompeu com o ex-senador e migrou para o PSB de Rollemberg. Assim como Juarezão, os suplentes da Mesa Diretora também assumirão os cargos deixados pelos titulares. No lugar do primeiro secretário Raimundo Ribeiro (PPS), assume Agaciel Maia (PR). O deputado Lira (PEN) fica na segunda-secretaria com o afastamento de Júlio César (PRB), e Rodrigo Delmasso (PTN) será o terceiro-secretário, substituindo Bispo Renato (PR). Todos os membros da Mesa são suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção denunciado pela deputada Liliane Roriz.
Mesmo com o afastamento dos cargos de direção, os parlamentares mantêm o mandato parlamentar. As suspensões dos mandatos na Mesa Diretora foram determinadas a pedido dos procuradores pelo desembargador Humberto Adjuto Ulhoa e vale até o fim das investigações.
Cobrança de cargos
No ano passado, Juarezão foi flagrado em áudios cobrando cargos do governador Rodrigo Rollemberg em troca de apoio na Câmara Legislativa. “O bolo tinha que ser dividido por igual”, disse o parlamentar ao chefe do Executivo. À época, Juarezão justificou que estava pedindo cargos para os aliados de Brazlândia, cidade a cerca de 50 quilômetros do centro de Brasília.
Posteriormente, com a melhora da relação com o governo, a esposa de Juarezão, Rosângela Gomes de Araújo Oliveira, foi nomeada chefe de gabinete da Administração Regional de Brazlândia – reduto eleitoral do deputado. Ela, que é funcionária de carreira da Secretaria do Trabalho, ficou pouco tempo no cargo. Segundo o parlamentar, a nomeação foi um pedido do próprio executivo.
PublicidadeRoteiro conhecido
No início de 2010, quando o Distrito Federal passava por uma das maiores crises políticas de sua história, a Operação Caixa de Pandora, o deputado Wilson Lima, eleito pelo antigo Prona (que se fundiu ao PL e virou PR), chegou à presidência da Câmara Legislativa e posteriormente tornou-se governador interino.
Na ocasião, o parlamentar foi beneficiado pela saída do então presidente, Leonardo Prudente (ex-DEM) – envolvido no escândalo – se elegeu à presidência e tornou-se governador depois da renúncia de Arruda e Paulo Octávio. Por fim, foi substituído por Rogério Rosso, atualmente deputado federal pelo PSD, em uma eleição indireta para o governo do Distrito Federal.
Nos bastidores, Juarezão também é comparado ao deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA). Ambos têm estilos semelhantes de trabalhar e chegaram à presidência dos legislativos de maneira inesperada. Waldir Maranhão ocupou a presidência interina da Câmara dos Deputados enquanto o ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) estava afastado do cargo e teve o mandato marcado por idas e vindas em decisões importantes, como a anulação da sessão do impeachment na Câmara.