Reportagem do jornal O Globo desta terça-feira (17) revela que anotações encontradas pela Lava Jato no celular do lobista Milton Lyra, preso na semana passada sob suspeita de irregularidades no fundo de pensão Postalis (dos funcionários dos Correios), indicam suspeitas de pagamentos ao ministro das Cidades, Alexandre Baldy (PP). Também há referências a repasses a partidos políticos e a encontros com autoridades públicas e empresários, como uma agenda com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco (MDB).
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O material obtido com exclusividade pelo jornal mostra que o alcance da influência política do lobista vai muito além do MDB, partido ao qual ele é normalmente associado.
Segundo O Globo, a documentação foi localizada em uma pasta do celular de Lyra que guardava anotações curtas de texto, rascunhos feitos por ele no dia a dia.
Nos arquivos do celular de Lyra as anotações mostram que o lobista registrava informações ligadas a repasses financeiros, embora não seja possível explicar a sua relação com tais transações financeiras somente por meio das mensagens obtidas no aparelho. “Imposto 20/” é o título do arquivo, que traz os seguintes números: “PMDB – 550; PT 550; PDT 550 – 50 = 500 e PP 500”. A data deste documento é de agosto de 2013.
De acordo com a reportagem, a Polícia Federal já havia encontrado indícios, na agenda física do lobista, de que ele atuou para obter doações da Engevix ao PMDB de Alagoas em 2014, ou seja, trabalhou como intermediário de repasses de uma empresa ao partido.
Publicidade“A referência mais explícita no celular é ao ministro das Cidades, Alexandre Baldy, com quem Lyra tinha relação próxima. Um registro do aparelho do lobista sugere a realização de seis repasses ao político. ‘Baldy. Conta corrente 6x 450’. O arquivo é de março de 2013. À época, Baldy era secretário de Indústria e Comércio do governo de Goiás, só se elegendo deputado federal no ano seguinte.
O ministro também aparece em uma foto tomando vinho com Lyra na adega da casa do lobista. A imagem estava salva no celular dele, com data de 31 de janeiro de 2015”, informa O Globo.
Em entrevista ao jornal, Baldy afirmou que tinha uma “boa relação” com o lobista e que esteve na sua casa “duas ou três vezes”. Contou que se conheciam porque seus filhos estudaram na mesma escola, mas negou ter feito qualquer transação financeira com Lyra.
“Não tenho ideia. Nunca tive nada com ele. Se (o dinheiro) foi pra mim, eu vou te falar que não chegou. Podia até ligar pra ele reclamando. Infelizmente ou felizmente, não chegou”, disse o ministro.
O arquivo do celular do lobista mostra que sua atuação passava por vários setores da economia e órgãos da administração pública, como a Caixa Econômica Federal, Infraero, planos de saúde e energia.
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